Vera Magalhães

Haddad, Serra e o 'x' paulistano

O DATAFOLHA divulgado hoje sobre a sucessão paulistana mostra José Serra e Fernando Haddad no vértice de um "v" no gráfico de intenções de votos. Se haverá o "x", com a ultrapassagem do petista sobre o tucano, só os próximos levantamentos vão mostrar.

Mas o empate técnico, agora acentuado, deverá fazer com que intensifiquem o uso das armas de que dispõem para garantir a ida ao segundo turno.

Serra elegeu o candidato do PT como alvo preferencial de ataques no primeiro turno. Falou do mensalão, criticou suas propostas e lembrou problemas em sua gestão no Enem, tudo para impedir a tal ultrapassagem nas pesquisas.

Até aqui, vinha evitando bater no líder Celso Russomanno, mas a necessidade de desidratar seu favoritismo num eventual segundo turno, sentida tanto por PT quanto por PSDB, o levou a lançar mão do rádio para começar a questionar o candidato do PRB e sua falta de propostas.

A tática será testada em pesquisas qualitativas antes de chegar à TV, onde o risco de o tiro se voltar contra o atirador é maior.

No QG haddadista, a ordem é apostar tudo na trinca Lula-Dilma-Marta para empurrar o candidato para a segunda etapa da disputa. As dificuldades do PT em outras capitais, como Belo Horizonte (MG) e Recife (PE), intensificadas com os resultados do último Datafolha, fazem de São Paulo a última esperança do partido de escapar a um fiasco nas urnas.

Seja por isso, seja pela gana de desalojar o PSDB em São Paulo, o partido não medirá esforços, cargos, gastos e saliva para tentar eleger Haddad.

Um inflamado Lula foi ao palanque do Sindicato dos Bancários ontem para atiçar fogo na militância. Do lado tucano, a aposta é que uma possível condenação de mais petistas no mensalão estanque o "v" e impeça o "x", garantindo que Serra avance na corrida.