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Ana de Hollanda diz ter sido vítima de ataques 'baixos'

Criticada por setores ligados a seus antecessores na pasta, ex-ministra atribui saída por ter se oposto a 'muitos interesses'

Presidente define Marta Suplicy como 'amiga e companheira'; nova ministra evita falar sobre gestão anterior

DE BRASÍLIA

Demitida do Ministério da Cultura pela presidente Dilma Rousseff, Ana de Hollanda disse, ao transmitir o cargo para Marta Suplicy, que foi vítima de ataques "baixos" e que sai da pasta por ter contrariado "muitos interesses".

"Todo tempo eu tive ao meu lado o racional para entender quem é que está atrás disso. Por que pessoas que não me conhecem falam coisas tão baixas? Aí eu disse: não é comigo. É a responsabilidade do cargo que estou ocupando", afirmou.

Ao empossar Marta, Dilma admitiu que Ana de Hollanda recebeu "pressões muitas vezes injustas" em sua gestão, que "nem sempre foi fácil". "Agradeço de coração por sua lealdade, pelo sacrifício da vida pessoal, pela maneira histórica com que enfrentou as pressões, muitas vezes injustas e excessivas", disse a presidente.

A gestão de Ana de Hollanda foi, praticamente desde o seu início, alvo de duras críticas de setores ligados aos seus antecessores no ministério durante o governo Lula -Gilberto Gil e Juca Ferreira.

Isso porque ela rompeu com boa parte das prioridades definidas por eles, incluindo a flexibilização dos direitos autorais.

Mesmo se dizendo convicta de que sua gestão teve o apoio do Planalto, Ana de Hollanda afirmou não ter sido avisada com antecedência que seria substituída. Mas declarou ser "fã" da presidente e chorou quando Dilma fez elogios à sua gestão e lembrou parte de suas ações.

"Eu contrariei talvez muitos interesses. A isso as pessoas reagem às vezes de uma forma muito rude. Não pensam que estão tratando de uma pessoa, de um ser humano", disse Ana de Hollanda.

A agora ex-ministra negou que a motivação de sua demissão tenha sido o vazamento de carta endereçada à colega Miriam Belchior (Planejamento), em que pediu mais recursos. "Isso todos os ministros fazem."

No evento Dilma disse que Marta terá no próximo ano cerca de 65% mais verba do que Ana teve neste ano -em 2013 a pasta terá R$ 3 bilhões, além de R$ 2,2 bilhões por meio de leis de incentivo.

Ao defender a difusão cultural no país, a presidente disse ser "impressionante" que muitos brasileiros "jamais tenham chegado a um cinema, a um teatro" e citou um trecho da canção "Comida". "Faz lembrar aquela música dos Titãs: 'A gente não quer só comida; a gente quer comida, diversão e arte'."

A presidente se referiu a Marta como "amiga e companheira", citando a sua experiência administrativa -como na Prefeitura de São Paulo. "Eu não peço só a Deus, eu peço a você que coordene a área da cultura, trabalhe por ela e a leve à frente."

Marta evitou detalhar como vai ser a sua gestão, mas prometeu trabalhar para "unir o setor cultural" e elogiou a atuação de Gil e Ferreira no ministério.

A nova ministra evitou falar sobre as polêmicas envolvendo a antecessora. Afirmou que terá um "extenso trabalho" em sua nova função.

A senadora elogiou a coragem e a gentileza da antecessora e disse que Dilma é uma "mulher arretada, forte e competente".

(GABRIELA GUERREIRO E FLÁVIA FOREQUE)

Colaborou ERICH DECAT, de Brasília

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