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Mensalão - o julgamento

Relator vota pela condenação de Jefferson

Petebista detonou o escândalo ao dizer, em entrevista à Folha, que havia esquema de compra de votos pelo governo

Barbosa entende que, apesar de ter delatado o mensalão, ex-deputado também obteve verba para apoiar o Planalto

DE BRASÍLIA

O relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, votou ontem pela condenação do delator do esquema, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ).

O ministro entendeu que ele também recebeu recursos ilícitos do PT para garantir o apoio de seu partido ao governo Lula.

Há pouco mais de sete anos, Jefferson disse à Folha que o PT, sob o comando do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, havia organizado um esquema de distribuição de recursos para compra de apoio no Congresso.

Acusado de não ter provado a acusação, além de ter recebido dinheiro, Jefferson teve o mandato cassado pela Câmara em 2005.

Barbosa entendeu que os R$ 4,5 milhões recebidos por Jefferson e outras pessoas de seu partido de "modo algum pode ser caracterizado como mera ajuda de campanha".

O ex-deputado nega ter participado do esquema e diz que dinheiro se devia a acordo eleitoral com o PT.

"Pagamento desse montante em espécie para um presidente de partido, com notório poder de influenciar os votos de sua bancada, equivale, sem dúvida, a prática corrupta", disse Barbosa.

Apesar de ainda não estar em análise a acusação de corrupção contra a cúpula do PT, incluindo Dirceu, o ministro deixou claro que pelo menos o ex-tesoureiro Delúbio Soares deverá ser condenado.

O ministro ainda não terminou a análise sobre o papel de Jefferson, votando ontem só o caso de corrupção passiva. Ele também é acusado de lavagem de dinheiro.

Para o relator, ele, o ex-deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) e o então dirigente do partido, Emerson Palmieri, devem ser condenados.

"Roberto Jefferson, que era o líder do PTB na Câmara dos Deputados, sabia da existência do que ele chamou de mesada a parlamentares. Tinha a consciência de que os pagamentos eram feitos em troca da consolidação da base aliada do governo na Câmara", argumentou o relator.

Jefferson, 59, teve alta ontem do hospital no Rio onde estava internado para tratamento de um quadro de infecção intestinal. Em julho ele foi submetido a cirurgia para retirar tumor no pâncreas.

(FELIPE SELIGMAN, FLÁVIO FERREIRA, MÁRCIO FALCÃO e NÁDIA GUERLENDA)

Colaborou a Sucursal do Rio

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