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NELSON DE SÁ - nelson.sa@grupofolha.com.br

"É a classe média, estúpido!"

Como nos EUA, PT tenta agora aprender a ser o partido da classe média, não da classe trabalhadora

RUSSOMANNO PASSOU a tarde ironizando no Twitter o fato de Haddad ter imitado seu estilo: usou "crtl c + crtl v", virou "genérico" etc. De fato, o petista abriu seu programa como um defensor dos consumidores à maneira de Russomanno, nascida quando invadiu um hospital após a morte da primeira mulher.

Sem se achar em seu próprio papel, ele que no começo se dizia ex-vendedor da rua 25 de Março, Haddad não se dá melhor no personagem que é tão natural ao adversário. Ao comentar ontem o fato de ser o favorito do voto conservador, Russomanno explicou com seus 22 anos na defesa do consumidor.

Conservador, consumidor, as coisas se misturam na visão do PRB. Para o PT, o nome é outro: classe média. No início do ano, o próprio marqueteiro João Santana falava que a escolha de Haddad -e, antes, de Dilma- refletia a classe média em ascensão no Brasil. Registre-se que o programa de ontem do PT só mostrou Dilma, nada de Lula.

A eleição em São Paulo, já anunciada como batalha perdida para o PT, serve agora de campo de testes para 2014. Não à toa, na capa da "Forbes" há três semanas, Dilma divulgou que começava a ler "It's the Middle Class, Stupid!", de James Carville e Stan Greenberg.

Carville foi marqueteiro de Bill Clinton e o autor da célebre frase "é a economia, estúpido", em 1992. Mas quem dá o tom do livro é Greenberg, pesquisador democrata especializado em classe média.

Foi Greenberg quem identificou e ajudou Clinton a recuperar os "Reagan democrats", os eleitores democratas que haviam votado no republicano Ronald Reagan. É o que Dilma quer com a classe média daqui: fidelizar votos. Daí detalhar à "Forbes" o plano de apoio, por exemplo, à "cabeleireira da esquina".

O objetivo de Carville e Greenberg é ajudar os democratas a se vestirem, não como partido da classe trabalhadora, mas da classe média. Como acontece no Brasil, Greenberg gasta boa parte dos textos tentando identificar "quem é classe média, afinal". Mistura os que se descrevem assim com renda, educação, até atingir "dois terços".

Para obter seus votos, o livro defende mais gastos em infraestrutura, por exemplo, o que deve chamar a atenção de Dilma. Nos EUA, festeja Carville, o candidato Barack Obama já vem seguindo a receita.

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