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Análise

Caso brasileiro é exceção; Google aceita cada vez mais as pressões por derrubada

NELSON DE SÁ
DE SÃO PAULO

O "top 10" dos países que mais pedem derrubada de conteúdo ao Google só traz democracias.

Também uma democracia, a Itália não está entre os primeiros, mas foi a sua Justiça que julgou e condenou à prisão depois dispensada três executivos do Google, por não retirarem do YouTube o vídeo de uma criança autista sendo agredida.

Não chega assim a ser novidade a solicitação, agora no Brasil, da retirada de um vídeo que acusava uma pessoa de violência contra menor de idade _e o pedido de prisão, depois dispensada, de um executivo do Google que o manteve no ar.

Mas a prisão é um choque, em se tratando de liberdade de expressão, e até o Supremo se pronunciou ontem, com o ministro Marco Aurélio Mello cobrando do Congresso a aprovação do Marco Civil _que determinaria uma ação civil, não criminal, contra o executivo.

Apesar das exceções pontuais, como no caso brasileiro, a novidade maior hoje é que o Google vem cedendo celeremente e sem maior resistência aos pedidos de censura apresentados não só por democracias, mais por quaisquer governos.

No caso da Alemanha, uma das líderes nos pedidos de derrubada, 77% das 103 solicitações feitas por órgãos governamentais, no segundo semestre do ano passado, foram atendidas pelo Google. Nos EUA, de 187, 42%. No Brasil, de 194, 54%.

No episódio recente do vídeo contra o profeta Maomé, o Google até divulgou ter resistido à pressão do governo americano para tirá-lo do ar, mas na verdade derrubou no Egito, supostamente por conta própria, e aceitou decisão judicial em países como Índia e Paquistão.

Uma organização não governamental até então próxima do Google, a Electronic Frontier Foundation, questionou publicamente que a empresa "cedeu à pressão", no que vê como mais um passo na restrição à liberdade de expressão pelas gigantes de tecnologia.

A mudança do Google resulta de um novo modelo de negócios. Antes voltada fundamentalmente a pesquisas, que lucram mais quanto maior é a liberdade de acesso na internet, a empresa agora também investe em serviços fechados, como sua loja no sistema Android e a rede social Google+.

Desde o ano passado sob o comando de Larry Page, o Google passou até a defender "copyright", de mãos dadas com Hollywood, derrubando vídeos piratas no YouTube.

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