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Salvador deve ter disputa inédita entre PT e legado do carlismo

Com ACM Neto, DEM tenta garantir ao menos uma capital, mas Nelson Pelegrino cresce após receber o apoio do ex-presidente Lula na TV

AGUIRRE TALENTO
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
NELSON BARROS NETO
DE SALVADOR

A escolha do novo prefeito de Salvador, terceiro maior colégio eleitoral do Brasil, deve ter no segundo turno um confronto inédito entre PT e DEM, adversários históricos.

O PT luta para comandar a cidade pela primeira vez e se recuperar do desgaste do governador Jaques Wagner. Nelson Pelegrino disputa o cargo pela quarta vez.

Já os democratas, com ACM Neto, que já tentara o posto em 2008, procuram garantir ao menos uma capital nas mãos do partido e manter o "carlismo" como uma força política viável na Bahia.

O termo "carlismo" vem do ex-governador e ex-senador Antonio Carlos Magalhães, o ACM, avô do candidato a prefeito, morto em 2007.

A campanha chega ao fim com ânimos exaltados após uma guerra com mais de 40 liminares na Justiça Eleitoral.

"Fui vítima da disputa mais agressiva do país", diz ACM Neto. Já Pelegrino reclama de panfletos apócrifos contra ele que circularam pela cidade.

ACM Neto liderava as pesquisas, mas viu o petista passá-lo na reta final, alavancado pelo maior tempo de TV e por participações do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff na campanha.

Na primeira sondagem do Ibope, de 3 de agosto, ACM Neto tinha 40% e Pelegrino, 13%. Na última, de 27 de setembro, o líder do DEM na Câmara registrou 31%, enquanto o oponente foi a 34%.

A avaliação do PT é que as greves da Polícia Militar, em fevereiro, e dos professores, que durou 115 dias e só terminou há dois meses, influenciaram o começo ruim de Pelegrino.

Desgastado, Wagner evitou eventos com o candidato até a mudança de cenário, em que os quase 14 minutos de propaganda, fruto da aliança entre 15 partidos, reduziram a sua rejeição de 45% para 36%. Com apoio de quatro legendas, ACM Neto teve direito a pouco mais de 5 minutos.

ESTRATÉGIA

A estratégia do PT para virar o jogo foi focar no alinhamento com os governos federal e estadual, além de criticar o adversário.

Primeiro, explorou a oposição do DEM às cotas raciais, tema caro na capital mais negra do Brasil. Depois, o próprio Lula lembrou que ACM Neto disse ser capaz de lhe "dar uma surra", em discurso em 2005 no Congresso. A cena foi repetida à exaustão.

Diante do impacto da propaganda negativa, ACM Neto foi à TV dizer que teve uma "conduta indevida" à época.

Quando ainda estava no topo, ele ignorava Pelegrino. Depois, passou a contra-atacar com o mensalão e os "seis anos improdutivos de Wagner e do PT para Salvador".

Terceira força, o PMDB tentou se beneficiar da polarização, mas não conseguiu alavancar o ex-prefeito Mário Kertész. No final, focou seus golpes em ACM Neto.

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