Como eles decidem?

Neila balança entre José Serra (PSDB) e Gabriel Chalita (PMDB). Cristina não sabe se vai de Celso Russomanno (PRB) ou Fernando Haddad (PT). Silvânio pensa em votar em Russomanno, mas Haddad também está na sua lista. Carlos tem mais dúvidas ainda: pode ir de Russomanno, Haddad ou Serra.

Neiva, Cristina, Silvânio e Carlos são iguais a 37% dos paulistanos: não citavam candidato a prefeito na pesquisa Datafolha de voto espontânea feita a três dias da disputa.

É a eleição dos indecisos, segundo Mauro Paulino, diretor do Datafolha. O índice dos "sem candidato" é o maior desde 1992. Na eleição passada, os indecisos eram 27% na mesma época -dez pontos percentuais abaixo do índice atual. Só em 2000 houve um percentual idêntico ao desta eleição. "Sem candidato" é a soma de indecisos com os que dizem votar em branco ou anular o voto.

Há tantos indecisos por causa da característica desta eleição, diz Paulino. O paulistano busca o anti-Kassab -sua gestão foi considerada ruim ou péssima pela metade dos eleitores em setembro, segundo o Datafolha.

"Com dois candidatos muito conhecidos, Serra e Russomanno, e dois que eram pouco conhecidos, Haddad e Chalita, o eleitor teve dificuldades para encontrar o anti-Kassab", afirma Paulino.

Vem daí, segundo ele, um fenômeno paralelo à indecisão: as mudanças repentinas nas intenções de voto.

Na semana passada, a Folha acompanhou quatro indecisos para tentar entender as suas razões. Há pelos menos dois traços em comum entre eles: a descrença nos políticos ("são todos iguais: prometem e não fazem nada") e um pragmatismo feroz nas reivindicações.