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Mensalão - o julgamento

Lula convoca candidatos do PT para 'guerra'

Ex-presidente estimula aliados a citar escândalos do governo FHC; dirigente diz que partido não apanhará calado

Ataques não podem ficar 'sem resposta', diz Lula; sigla estuda emitir nota em apoio a Dirceu e Genoino

Simon Plestenjak/Folhapress
Ex-presidente Lula posa com militantes petistas na sede nacional do partido, em SP
Ex-presidente Lula posa com militantes petistas na sede nacional do partido, em SP

CATIA SEABRA
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

O ex-presidente Lula incitou ontem os petistas a declarar "guerra" contra os adversários que usarem o mensalão como arma de campanha nas eleições municipais.

Ele cobrou reação em reunião fechada com dirigentes do partido, prefeitos eleitos e candidatos que disputarão segundo turno no dia 28.

"Não queríamos guerra. Mas, já que eles nos chamaram, vamos para a guerra", disse, segundo relato de participantes do encontro.

Lula exaltou a atuação do próprio governo no combate à corrupção e pediu que os petistas confrontem sua ação no setor com a do antecessor, Fernando Henrique Cardoso.

"Vamos discutir problemas das cidades. Mas, se formos chamados de mensaleiros, não podemos deixar sem resposta. Vamos debater de cabeça erguida", afirmou.

O secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi, acusou adversários de montar um script, "inclusive com as Redações dos grandes jornais", para prejudicar a sigla.

"Vamos responder. Aceitar que o PT apanhe desse jeito não é do nosso DNA. Não podemos permitir que nos coloquem na defensiva. Isso é totalmente absurdo", afirmou.

A ordem já foi seguida pelo candidato do PT em São Paulo, Fernando Haddad. Ele adotou tom mais agressivo e citou o escândalo da compra de votos para a reeleição de FHC ao ser questionado anteontem sobre o mensalão.

Coordenador da ala majoritária da sigla, Construindo um Novo Brasil, o dirigente Francisco Rocha disse que os militantes não vão "se esconder embaixo da mesa" e também reagirão a quem chamar petistas de mensaleiros.

"Uma militância que não se curvou durante dois meses sob massacre não se curvará num processo de 20 dias", afirmou, referindo-se ao segundo turno. "É evidente que vão explorar o julgamento, mas vamos enfrentá-los."

A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, disse que os danos políticos do mensalão teriam ficado no passado. "O que o PT tinha que sangrar, já sangrou há sete anos."

Lula chegou de surpresa à reunião de ontem, em que a direção do partido apresentaria um balanço do primeiro turno em todo o país.

Além de discursar sobre o mensalão, ele prometeu viajar mais e prometeu ir às capitais nordestinas onde o PT está na disputa: Fortaleza, João Pessoa e Salvador.

O ex-presidente deixou a sede do partido pouco depois de a maioria dos ministros do STF votar pela condenação de José Dirceu e José Genoino por corrupção ativa. Saiu com os vidros do carro fechados para não dar entrevistas.

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