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Eleições 2012

Haddad e Serra vão à missa e se atacam

Petista diz que adversário está 'fora de si' e mobilizou 'as trevas' para atacá-lo; tucano volta a associá-lo a Dirceu

Em disputa pelo voto católico, candidatos vão à mesma igreja e comungam no dia de santa padroeira do país

DE SÃO PAULO

De olho no voto católico, os candidatos Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB), que disputam a Prefeitura de São Paulo, foram ontem à missa no feriado de Nossa Senhora Aparecida para rezar e comungar entre fiéis.

Fora da igreja, os dois trocaram ataques. O petista acusou o rival de estar "fora de si" e "mobilizar as trevas" para ofendê-lo. O tucano voltou a ligá-lo ao ex-ministro José Dirceu, condenado por corrupção ativa pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Haddad atacou Serra em visita a um shopping center da zona leste com Gabriel Chalita, candidato derrotado do PMDB à prefeitura.

"Ele está fora de si. Está mobilizando e vai mobilizar as trevas, como fez em 2010", disse, referindo-se à última eleição presidencial. "Tudo o que ele podia fazer para ofender a presidente Dilma, ele fez. É uma pessoa que está completamente fora de tom."

"O Serra não tem jeito, é incorrigível. Na minha opinião, não tem como corrigi-lo. Ele vai ser assim para sempre."

O petista deu as declarações depois de um repórter de uma emissora de rádio dizer que Serra o acusou de agir "cada vez mais como José Dirceu, como chefe de quadrilha", o que não ocorreu. O tucano o associou ao ex-ministro, mas em outros termos.

"O Zé Dirceu é o guru do PT e do Haddad. Foi o homem que filiou o Haddad. Ele orienta a campanha. Se quiserem saber por onde anda a campanha do PT é só seguir o que ele escreve", afirmou Serra em visita ao museu Catavento, na região central.

"O Haddad a cada dia está virando mais o Zé Dirceu. Não era, mas está virando. A cada dia tem um pouquinho mais de Zé Dirceu e de toda a patota deles que acabou de ser punida pelo STF."

IGREJA

Em horários diferentes, os dois candidatos foram a missas na mesma igreja: a Paróquia Nossa Senhora de Aparecida, em Itaquera, sede de uma obra social católica.

Haddad, que é cristão ortodoxo, rezou de manhã com Chalita, ex-coroinha e próximo à Renovação Carismática.

Depois de criticar a mistura de fé e política no primeiro turno, o petista afirmou não ver contradição em convocar a imprensa para a missa, dizendo já ter ido a celebrações de várias religiões.

Na missa, Haddad rezou e comungou, mas parecia pouco à vontade e não cantou as músicas da liturgia. O padre Rosalvino Morán Viñayo não citou seu nome, mas pediu que "a pessoa que está buscando a vitória" fosse abençoada. A produtora responsável pelo programa de TV do petista filmou a cerimônia.

Na saída, o candidato acusou Serra de estar por trás das críticas que tem recebido do pastor evangélico Silas Malafaia e disse que o tucano quer criar uma "cortina de fumaça" para não debater os problemas da cidade.

Serra foi saudado na porta da igreja e anunciado logo no início da missa pelo padre Rosalvino. "Viu, Zé", disse o padre. "Deus tudo sabe. O povo também. O povo sabe quem é quem", concluiu.

O tucano foi ao púlpito ler uma passagem da Bíblia. Depois, foi convidado a discursar. "Todos vocês sabem que, quem bater na minha porta vai entrar, independente de partido e ideologia", disse o padre ao convidá-lo.

Serra falou pouco. Disse ter sido alfabetizado no dom Bosco. "Foi lá que aprendi o norte da minha vida, que é servir ao próximo. Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida nos abençoe", afirmou.

(BERNARDO MELLO FRANCO, DANIELA LIMA E LUIZA BANDEIRA)

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