Executivos debatem modelo de cobrança

O conteúdo de jornais na internet deve ser pago, mas não há consenso sobre o melhor modelo de negócio.

Judith Brito, superintendente da Folha, defendeu o "paywall" (muro de pagamento) poroso, pelo qual o internauta lê de graça parte do jornal e paga uma assinatura para ter acesso total.

Já Marcello Moraes, diretor do Infoglobo, empresa que publica o jornal "O Globo", afirmou que o pagamento é essencial, mas acha que ele deve ser feito em troca de um conjunto de produtos.

O debate ocorreu na 68ª Assembleia Geral da SIP.

Judith Brito citou uma pesquisa do Pew Research Center, segundo a qual os jornais são responsáveis pela metade do conteúdo relevante que circula na internet. As novas mídias só respondem por 4% desse gênero de jornalismo.

O modelo da Folha foi implantado em agosto e já tem 30 mil assinantes digitais -a versão impressa tem pouco menos de 300 mil.

Para Marcello Moraes, o conteúdo pago não deve focar num só produto: "Nosso conceito é que para o conteúdo ter valor ele deveria vir de um conjunto de produtos, não só de um". Esse conjunto incluiria sites, tablets, celulares e o acervo do jornal.

LIBERDADE

Participante da SIP, o escritor Jorge Castañeda, ex-chanceler do México, cobrou do governo brasileiro uma reação mais dura contra a tentativa de governos latino-americanos de tentar desmobilizar a relatoria da OEA (Organização dos Estados Americanos) para a Liberdade de Expressão. Ele classificou a situação de "escandalosa".

De acordo com Castañeda, os governos que atuam contra a relatoria são especialmente os da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas), liderada por Venezuela, Bolívia, Cuba e Equador.

Ele citou a presidente Dilma Rousseff (PT) e os ex-presidentes Lula (PT) e FHC (PSDB) como os responsáveis pela falta de ação do Brasil nesse tema. "Logo eles que tanto lutaram pelas liberdades democráticas no país."