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Eleições 2012

PSDB busca os votos de vereadores na periferia

Goulart diz que pede votos ao tucano, mas critica equipe de marketing

Serra foi o único dos principais candidatos a ter menos votos que a soma de seus aliados à Câmara Municipal

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
FABIO LEITE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Donos de currais eleitorais na periferia de São Paulo, vereadores reeleitos foram escalados pela campanha de José Serra (PSDB) para tentar transferir seus votos ao tucano no segundo turno contra Fernando Haddad (PT).

Mapeamento das votações nas 58 Zonas Eleitorais da cidade mostra que, no primeiro turno, aliados de Serra com enorme influência regional tiveram sozinhos quase o dobro de votos do tucano em regiões onde Haddad venceu.

No Grajaú, no extremo da zona sul, o vereador Antonio Goulart (PSD) foi o campeão com 26.745 votos. Lá Serra só teve 14.554 votos. Haddad venceu com 60.467 votos. O tucano ficou em quarto, atrás de Celso Russomanno (PRB) e Gabriel Chalita (PMDB).

Serra foi o único dos quatro principais candidatos a prefeito a ter menos votos que sua chapa de vereadores. Com 189 postulantes à Câmara, PSDB, PSD, DEM, PR e PV tiveram 2,43 milhões de votos e elegeram 25. O tucano teve 1,88 milhões de votos. Isso significa que muitos eleitores de seus aliados à Câmara votaram em seus rivais: Haddad teve 1,77 milhões de votos, mas a chapa PT, PP, PSB e PC do B somou 1,61 milhões.

O cenário onde os caciques da chapa de Serra não transferiram seus votos ao tucano se repetiu em outras 12 Zonas Eleitorais nos extremos sul, leste e norte da capital, antigos redutos petistas.

EMPENHO

A geografia dos votos na capital fez dos donos de currais eleitorais peças-chaves para o tucano tentar virar o jogo. No último Datafolha, Serra estava dez pontos atrás de Haddad: 47% a 37%.

Na semana passada, o PSDB reuniu os eleitos e cobrou empenho. A prioridade é o extremo da zona sul, onde os três vereadores mais votados -Goulart (PSD), Milton Leite (DEM) e Antonio Carlos Rodrigues (PR)- são da chapa de Serra, mas o PT venceu.

"Essa região é historicamente onde o PT tem votação expressiva. Eles [vereadores] são importantíssimos e vão manter suas estruturas e coordenar a campanha nessas regiões", disse o coordenador de Serra, Edson Aparecido.

Segundo o Datafolha, a diferença de Haddad para Serra nessa região é de 27 pontos, só inferior à do extremo leste, onde o petista tem 56% contra 27% do tucano.

Goulart diz que já está ajudando Serra, mas criticou sua equipe de marketing por não enfatizar obras e promessas do tucano para Capela do Socorro, Cidade Ademar e Grajaú: "Estou fazendo meu trabalho, agradecendo meus votos e pedindo votos para Serra. Não vou ficar malhando em ferro frio. Se não falar o que povo precisa ouvir, não tem como virar o jogo", diz.

A maior vitória de Haddad no primeiro turno foi na vizinha Parelheiros: 46,9% a 10% de Serra. Lá, só Goulart e Leite tiveram o dobro de votos do tucano: 26,9 mil a 13,9 mil.

"Se você comparar com 2008, Haddad caiu 17% em relação a Marta na minha região, e Serra teve 5% menos que o Kassab. Vamos buscar a diferença na rua", diz Leite sobre Piraporinha, onde teve 33,5 mil e Serra, 23,5 mil.

Dos caciques da zona sul, só Rodrigues estará ausente no segundo turno: ele assumiu uma vaga no Senado.

O cientista político Fernando Azevedo destaca, porém, que "a lógica do voto de vereador e de prefeito é diferente" e que "o extremo sul é uma área que o Serra tem muita dificuldade de entrar".

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