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Ministério Público acusa coronel Ustra de sequestro

Ex-comandante do DOI-Codi é citado em ação sobre desaparecimento de corretor, em 1971

DE SÃO PAULO

O Ministério Público Federal de São Paulo denunciou ontem o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra sob a acusação de sequestro contra o corretor de valores Edgar de Aquino Duarte em junho de 1971.

Ustra comandou o DOI-Codi, aparelho repressor da ditadura militar, de 1970 a 1974.

Segundo a denúncia, Duarte ficou preso ilegalmente no DOI-Codi e no Deops (Departamento de Ordem Política e Social) até meados de 1973 e desapareceu.

Fuzileiro naval, ele foi expulso das Forças Armadas após o golpe de 1964 por combater o regime. Exilou-se no México e Cuba, e voltou ao Brasil em 1968. Com nome falso, montou uma imobiliária e virou corretor da Bolsa de Valores até ser sequestrado.

Antes de ser detido, ele dividiu apartamento com o militar José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo.

Anselmo, apontado como delator, citou o nome de Duarte em depoimentos no Deops. Dias depois, Duarte também foi identificado e levado para os porões do regime.

"A prisão ilegal de Duarte foi testemunhada por dezenas de dissidentes políticos que se encontravam presos nas dependências do DOI-Codi e Deops", diz a denúncia.

Documentos recolhidos na sede do 2º Exército, segundo a denúncia, comprovam a detenção de Duarte e que ele não era mais ativista político quando foi preso pelo regime.

O advogado Paulo Alves Esteves, que defende Ustra, disse não ter lido a denúncia, mas considera que há precedentes que inocentam Ustra: "Há casos antecedentes em que a Justiça decidiu contra essa teoria do sequestro, como dizem os procuradores".

Como o corpo não foi achado, os procuradores usam a tese de sequestro continuado.

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