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Vera Magalhães

Na prática, a teoria é outra

A quatro dias da eleição, Haddad deve esclarecer de uma vez qual sua proposta para a gestão da saúde

PARA FUSTIGAR Celso Russomanno no primeiro turno, Fernando Haddad foi cirúrgico: pegou uma proposta do então líder nas pesquisas que não parava em pé -a de que quem andasse mais de ônibus pagaria mais- e a martelou diuturnamente na TV, como forma de mostrar inconsistência do candidato do PRB.

O resultado foi que Russomanno desidratou, ficou fora do segundo turno, e o petista chega à reta final da sucessão como franco favorito.

Haddad se orgulha de ter sido o primeiro a apresentar plano de governo. Mais: evoca a suposta densidade técnica desse programa como lastro de que está apto para governar a maior cidade do país sem nunca ter disputado uma eleição.

Portanto, não há nada de ilegítimo em fazer uma análise aprofundada desse documento, das declarações anteriores e da formação teórica do candidato para cobrar as mesmas inconsistências e incoerências que ele apontou no ex-rival.

E quando se faz isso não há como não ver ambiguidades e contradições na proposta para a administração da saúde. O modelo municipal hoje é um híbrido entre gestão pública (direta ou pela autarquia municipal) e parcerias com as chamadas Organizações Sociais, que já são majoritárias em termos de número de equipamentos e de pessoal.

Quando ainda era pré-candidato a prefeito, Haddad declarou: "Quem tem de administrar os hospitais é o próprio poder público". Seu plano de governo fala em "retomar a direção pública" na saúde.

Cobrado diante de falas e documentos, Haddad recuou. Primeiro falou em fazer concurso público, algo que não combina com o modelo das OSs. Depois, disse que manterá os contratos enquanto vigorarem, sem deixar claro o que faria depois.

Por fim, com cara de ofendido, usou o programa na TV para assegurar que vai manter as parcerias.

Ainda assim, tem dito que os três novos hospitais que promete construir serão geridos pela prefeitura -o que sugere que a defesa do modelo das OSs é só conjuntural.

Tanta confusão sobre o que se quer para a área que é a maior preocupação dos paulistanos não é trivial. A quatro dias da eleição, Haddad deveria ser mais transparente.

COLUNISTAS NAS ELEIÇÕES segunda: André Singer; terça: Nelson de Sá; quarta: Vera Magalhães; quinta: Alexandra Moraes; sexta: Eduardo Graeff; sábado: Leandro Machado/Leandro Narloch; domingo: Mauro Paulino

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