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Banco Central alivia aperto de crédito para consumidor

Medidas devem estimular venda de automóveis e compras parceladas

Exigências tinham sido impostas quando a economia estava muito aquecida, mas crise global mudou cenário

EDUARDO CUCOLO
SHEILA D’AMORIM
DE BRASÍLIA
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

Depois de reduzir os juros para estimular a economia, o Banco Central decidiu remover a maior parte das medidas adotadas no fim de 2010 para restringir a oferta de crédito ao consumidor.
Quando elas foram anunciadas, há cerca de um ano, a economia brasileira estava muito aquecida e a prioridade do governo era conter a aceleração da inflação.
Nos últimos meses o cenário mudou, com o agravamento da crise na Europa e nos EUA, e agora o governo quer evitar que a atividade econômica esfrie demais. Por isso, removeu parte das restrições ao crédito.
O BC cancelou exigência que encarecia os juros cobrados em empréstimos para aquisição de veículos com prazo até 60 meses sem pagamento de entrada. A restrição foi mantida apenas para operações com prazo maior.
A medida entra em vigor imediatamente, e os consumidores poderão encontrar juros menores nos próximos dias nas concessionárias de automóveis. Isso deve estimular as vendas do setor, que caíram nos últimos meses.

CARTÃO DE CRÉDITO
O BC também decidiu manter o percentual mínimo de pagamento das faturas de cartão de crédito em 15%, adotado em junho deste ano. O percentual seria elevado para 20% em dezembro. Para o BC, o atual limite "tem se mostrado suficiente para o controle" das dívidas.
Foram ainda reduzidas as exigências que encareciam o crédito com desconto em folha de pagamento (consignado) com prazo de 36 a 60 meses. Em compensação, aumentaram as exigências para estes financiamentos com prazo mais longo.
No crédito pessoal, o BC estimulou empréstimos com prazo de 24 a 36 meses, mas manteve ou elevou restrições para operações acima desse prazo.
Em geral, os financiamentos acima de cinco anos foram desestimulados. O objetivo é evitar que as pessoas tomem empréstimos longos, que têm nível de inadimplência mais elevado.
Para restringir ou incentivar esses empréstimos, o BC mexe nas exigências de reserva de capital que os bancos precisam manter em caixa para emprestar.
O economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, explica que o resultado dessa revisão é o estímulo ao consumo e, consequentemente, o impulso da atividade econômica.
Mas a mudança, dizem economistas, pode levar algum tempo para fazer efeito.
"O Natal deste ano já está dado e será favorável, graças ao nível de emprego ainda positivo. Com essa mudança, o BC está tentando evitar a extensão da crise no que vem", afirma o economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e ex-presidente do BC.
Para o economista Roberto Luis Troster, ex-economista da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), os efeitos positivos sobre empresários e consumidores - que adiaram decisões de investimento e compra por causa da crise - só deverão ser sentidos por volta de março do ano que vem.
"O afrouxamento é mais lento do que o freio", afirma.
Schwartsman, por sua vez, observa que esse combustível à demanda poderá por freio à redução da taxa de juros pelo BC.
"O BC terá menos espaço para cortar juros", afirma.

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