São Paulo, quarta-feira, 01 de junho de 2011

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Atividade industrial recua e indica freio maior na economia

Produção vinha crescendo no ano diante da recomposição de estoques, mas caiu 2,1% em abril ante o mês de março

Entre os 27 segmentos analisados na pesquisa, 13 apresentaram queda na produção e resultado pode afetar PIB no 2º tri


PEDRO SOARES
DO RIO

Juros mais altos, crédito restrito e câmbio desfavorável provocaram, em abril, uma forte freada da indústria e tendem a comprometer, em menor escala, o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto, ou soma de bens e serviços feitos no país) no 2º trimestre, segundo analistas.
A produção caiu 2,1% na comparação com março -quando havia crescido 1,1%. O resultado superou até as previsões mais pessimistas e apontou uma contração generalizada do setor.
Trata-se também do maior tombo da indústria desde dezembro de 2008, quando o país sofria com o auge da crise global e o setor registrou queda recorde de 12,2%.
Para André Macedo, economista do IBGE, as medidas para desaquecer a economia- com vistas a reduzir a inflação- afetaram o crédito e restringiram especialmente o consumo de bens duráveis (como automóveis e eletrodomésticos).
A categoria liderou as perdas da indústria no mês.
"Há um arrefecimento da oferta de crédito e uma alta dos juros. Isso surtiu efeito não só em bens duráveis, mas também na indústria como um todo", explicou.
Outras categorias também recuaram: em 13 dos 27 setores pesquisados o desempenho foi negativo em abril.
Para Thaíz Zara, economista da Rosenberg & Associados, o câmbio foi determinante para o resultado, já que ajuda na substituição de bens locais por importados. A competição maior afeta a produção local.
Até o primeiro trimestre, a recomposição de estoques havia tirado a indústria de uma estagnação que prevalecia desde meados de 2010.

PIB
Os dados mais fracos de abril vão certamente rebater no PIB do segundo trimestre. A Rosenberg prevê expansão de 1%, abaixo da estimativa de 1,6% no 1º trimestre.
Os números de janeiro a março serão publicados na próxima sexta-feira e devem mostrar um desempenho ainda positivo da economia.
Mas a consultoria Tendências vê espaço para uma "forte desaceleração" no 2º trimestre, segundo a economista Alessandra Ribeiro.
Ela avalia que o câmbio aprofundará o descompasso entre a produção local e o consumo, que poderá ser suprido com importados.
O Bradesco também diz que os dados de abril afetarão o PIB no 2º trimestre. Crédito moderado, alta menor do rendimento e retração da confiança dos consumidores indicam tal tendência, afirma em relatório.


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