São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010 |
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Campanha precisa ser espontânea, afirma FHC Ex-presidente critica ideia de apresentar o tucano como candidato da continuidade
RENATA LO PRETE EDITORA DO PAINEL Fernando Henrique Cardoso critica a comunicação da campanha do correligionário José Serra por apresentá-lo como um "candidato de continuidade" do governo Lula. Diz ainda que falta "espontaneidade" aos programas de televisão do tucano. Na opinião do ex-presidente da República, a eventual eleição de Dilma Rousseff (PT) representa risco não à economia, mas à "vida institucional" do país. De acordo com FHC, o PT "não pratica gestos tresloucados, mas desvirtua as instituições por dentro".
Folha - O sr. teria feito, em palestra para um grupo de economistas, críticas ao marketing da campanha de José Serra. Quais são os erros, em seu entender? FHC - Fiz e ouvi críticas. À falta de espontaneidade e à ideia de que ele seria um candidato de continuidade. Segundo relato, o sr., nessa apresentação, não se mostrou pessimista com o futuro do país em caso de vitória de Dilma Rousseff. É verdade? O que eu disse foi outra coisa: que a economia brasileira dispõe de motores fortes. Nesse sentido, eu não sou pessimista. Mas, quanto a riscos de passo atrás na política, na vida institucional, eles estão por todos os lados. Que riscos seriam esses? O abuso da máquina pública para propósitos partidários, como se vê escandalosamente na atual campanha. Depois, o fortalecimento de uma tendência corporativa, cimentando a aliança entre fundos de pensão, sindicatos e grandes empresas, com o fim político óbvio. O sr. também teria dito que o PT não vai fazer "nenhuma maluquice", como não fez no governo Lula. Depende do que se entenda por fazer maluquice. O PT tem corroído as instituições públicas por dentro, como cupim. Não pratica atitudes tresloucadas, mas desvirtua as instituições por dentro, como está fazendo, por exemplo, na ANP (Agência Nacional do Petróleo). O sr. acha mesmo que há no país uma tendência à estatização, e que ela será mantida independentemente de quem vença a eleição? Não. Eu disse que a matriz estatizante é enraizada no país, em todos os partidos. Mas é óbvio que ela vai se acentuar num eventual governo Dilma, na direção dos sinais visíveis nos dois últimos anos do governo Lula. Texto Anterior: Campanha de tucano agora tem "guru" dos EUA Próximo Texto: Frases Índice |
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