São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010

Texto Anterior | Índice

Fisco investiga mais duas por violar sigilo

Empresa de contabilidade recorria a investigada para agilizar processos na Receita, reconhece um dos sócios

Corregedoria do órgão suspeita que havia um esquema de venda de dados de contribuintes na agência de Mauá

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

A Corregedoria da Receita Federal incluiu mais duas servidoras do órgão na lista dos investigados por supostamente participar da violação de dados sigilosos de tucanos e de outros contribuintes na agência do fisco de Mauá (SP).
Ana Maria Caroto Cano e Lúcia de Fátima Gonçalves Milan passaram a constar formalmente das investigações na segunda-feira, quando foram notificadas.
O marido de Ana Maria, o empresário José Carlos Cano Larios, 54, é proprietário de duas empresas de contabilidade que recorriam à servidora para agilizar processos dentro da Receita.
A revelação foi feita por Ilson Loureiro de Paula, sócio de Larios na Contábil Caroto e na Consultec. Ilson disse à Folha que ligava para a servidora Ana Maria e pedia mais agilidade na tramitação de papéis que compõem, segundo ele, uma documentação chamada "breve relato da empresa".
Ele alega, porém, que seus pedidos foram "sempre dentro da legalidade".
Ana Maria já aparecia nas investigações, mas apenas como testemunha. Agora, ela se tornou uma das quatro investigadas.
Além das duas servidoras, são alvo da apuração interna a analista tributária Antônia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva e a servidora do Serpro cedida à agência de Mauá Adeildda Ferreira Leão dos Santos.
A primeira é dona da senha com a qual foram feitos os acessos ilegais às declarações de renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de mais três tucanos ligados à direção do partido.
A segunda é responsável pelo computador onde os dados foram abertos. Ambas negam participação.
Ontem, a Folha telefonou para a casa de Lúcia de Fátima, mas ela não estava. A reportagem conversou com o marido dela, Romildo Milan, que afirmou "não saber desta acusação". Disse, somente, que ela foi chamada para prestar esclarecimentos sobre o caso hoje.
Mais tarde, Lúcia disse que não sabia de "nenhuma acusação formal" contra ela.
A reportagem também ligou para a Ana Maria Caroto, mas não obteve retorno até a conclusão desta edição.
Incluindo os acessos aos dados do grupo tucano, a corregedoria listou um total de 206 consultas a CPFs realizados nos computadores de Antônia e Adeildda e outros 114 no computador de Ana Maria Caroto.
Dos acessos a partir dos computadores de Antônia e Adeildda, havia solicitação de consulta para apenas 45.
A corregedoria da Receita suspeita que havia um esquema de venda de dados sigilos de contribuintes na agência de Mauá.
Na segunda-feira, contudo, a Receita encaminhou para o Ministério Público Federal uma representação contra Antônia e Aparecida sem mencionar "propina" ou "balcão de negócios". (LEONARDO SOUZA, MATHEUS LEITÃO, ANDRÉA MICHAEL e CLAUDIA ROLLI)


Texto Anterior: Toda Mídia - Nelson de Sá: Acessados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.