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Fisco investiga mais duas por violar sigilo
Empresa de contabilidade recorria a investigada para agilizar processos na Receita, reconhece um dos sócios
Corregedoria do órgão suspeita que havia um esquema de venda de dados de contribuintes na agência de Mauá
DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO
A Corregedoria da Receita
Federal incluiu mais duas
servidoras do órgão na lista
dos investigados por supostamente participar da violação de dados sigilosos de tucanos e de outros contribuintes na agência do fisco de
Mauá (SP).
Ana Maria Caroto Cano e
Lúcia de Fátima Gonçalves
Milan passaram a constar
formalmente das investigações na segunda-feira, quando foram notificadas.
O marido de Ana Maria, o
empresário José Carlos Cano
Larios, 54, é proprietário de
duas empresas de contabilidade que recorriam à servidora para agilizar processos
dentro da Receita.
A revelação foi feita por Ilson Loureiro de Paula, sócio
de Larios na Contábil Caroto
e na Consultec. Ilson disse à
Folha que ligava para a servidora Ana Maria e pedia
mais agilidade na tramitação
de papéis que compõem, segundo ele, uma documentação chamada "breve relato
da empresa".
Ele alega, porém, que seus
pedidos foram "sempre dentro da legalidade".
Ana Maria já aparecia nas
investigações, mas apenas
como testemunha. Agora, ela
se tornou uma das quatro investigadas.
Além das duas servidoras,
são alvo da apuração interna
a analista tributária Antônia
Aparecida Rodrigues dos
Santos Neves Silva e a servidora do Serpro cedida à
agência de Mauá Adeildda
Ferreira Leão dos Santos.
A primeira é dona da senha com a qual foram feitos
os acessos ilegais às declarações de renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de mais três tucanos ligados à direção do partido.
A segunda é responsável
pelo computador onde os dados foram abertos. Ambas
negam participação.
Ontem, a Folha telefonou
para a casa de Lúcia de Fátima, mas ela não estava. A reportagem conversou com o
marido dela, Romildo Milan,
que afirmou "não saber desta
acusação". Disse, somente,
que ela foi chamada para
prestar esclarecimentos sobre o caso hoje.
Mais tarde, Lúcia disse que
não sabia de "nenhuma acusação formal" contra ela.
A reportagem também ligou para a Ana Maria Caroto,
mas não obteve retorno até a
conclusão desta edição.
Incluindo os acessos aos
dados do grupo tucano, a
corregedoria listou um total
de 206 consultas a CPFs realizados nos computadores de
Antônia e Adeildda e outros
114 no computador de Ana
Maria Caroto.
Dos acessos a partir dos
computadores de Antônia e
Adeildda, havia solicitação
de consulta para apenas 45.
A corregedoria da Receita
suspeita que havia um esquema de venda de dados sigilos de contribuintes na
agência de Mauá.
Na segunda-feira, contudo, a Receita encaminhou
para o Ministério Público Federal uma representação
contra Antônia e Aparecida
sem mencionar "propina" ou
"balcão de negócios".
(LEONARDO SOUZA, MATHEUS LEITÃO, ANDRÉA MICHAEL e CLAUDIA ROLLI)
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