São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2010

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Dilma diz que não mudou sobre aborto

Petista reafirma ser contra a prática, apesar de ter defendido descriminalização em 2007, e promete não mudar lei

Candidata lamenta que Marina a tenha acusado de mudar por conta das eleições; candidata do PV nega "guerra santa"

DOS ENVIADOS AO RIO DE JANEIRO
DE SÃO PAULO

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, repetiu ontem que não mudou suas posições em relação ao aborto e disse "lamentar" comentário da candidata Marina Silva (PV), de que tivesse, por motivos eleitorais, adotado posição conservadora.
"Eu lamento que a Marina faça avaliações a respeito das minhas convicções", disse Dilma, completando que ser contra o aborto é uma "posição pessoal" sua.
Em sabatina à Folha em 2007, no entanto, Dilma disse: "Acho que tem de haver descriminalização do aborto. Não é uma questão de foro íntimo, não".
Dilma disse ser "pessoalmente contra" o aborto. "Nunca escondi que acho que a questão do tratamento das mulheres, principalmente das milhares de mulheres pobres que recorrem ao aborto, não é uma questão de polícia, é de saúde pública".
Questionada se, caso eleita, poderia enviar ao Congresso uma proposta que flexibilizasse ou descriminalizasse a questão, negou. "Eu não enviarei ao Congresso Nacional nenhuma medida para alterar legislação nenhuma [sobre o aborto]."
Dilma se disse, ainda, contra um plebiscito sobre o assunto, porque em outros países esse tipo de consulta já causou "animosidade entre irmão". O plebiscito é uma proposta de Marina.
Dilma voltou ao tema um dia depois do encontro com líderes religiosos para neutralizar uma campanha na internet vinculando a candidata à questão do aborto.
O bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, também divulgou carta aos fiéis condenando rumores de que é contra Dilma por questões religiosas.
Macedo aparece em vídeos que circulam na internet defendendo a descriminalização do aborto.
Marina também voltou ao assunto ontem para dizer que sua campanha não tem ligação com a onda de boatos sobre a fé da petista. "Temos maturidade política para fazer deste processo uma guerra santa", afirmou.
O peso do voto religioso pode ser medido por pesquisa feita pelo Datafolha em 30 de junho e 1º de julho.
Nesse levantamento, 62% dos entrevistados disseram ser católicos, 25% declararam ser evangélicos -dos quais 18% são pentecostais e 7% são não pentecostais-, 3% são espíritas. Apenas 7% disseram não ter religião.


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