|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
No RN, Rosalba puxa votos para sigla sem se opor a Dilma
SILVIO NAVARRO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO GRANDE DO NORTE
"No meu palanque, tem
Garibaldi, que é PMDB, que é
Lula, que está com Dilma.
Então deixa o povo decidir."
É assim que Rosalba Ciarlini (DEM), 57, sintetiza a engenharia política que neutralizou o discurso de candidata
anti-Lula e, se a corrida terminasse hoje, a faria vencer
no primeiro turno a disputa
ao governo do Rio Grande do
Norte, segundo pesquisas.
A frase foi dita à Folha há
três semanas, num intervalo
entre seis badalados minicomícios na região do Potengi
(no agreste do Estado), onde
ela, com microfone em punho, traduz ao eleitorado:
"Se eu ganhar, vocês sabem quem vai ficar no meu
lugar no Senado? O pai do
Gari. Serão dois "Garis" para o
Rio Grande do Norte, e ainda
tem o Jajá. Três senadores
abrem portas em qualquer
ministério", disse.
Brizolista no início da carreira política, a senadora do
DEM concorre na chapa com
Garibaldi Alves Filho
(PMDB), líder nas pesquisas
à reeleição ao Senado.
O Jajá a que ela se refere
em todos os discursos é José
Agripino Maia (DEM), líder
da artilharia pesada contra o
governo Lula e protagonista
de um dos maiores embates
no Senado com a então ministra Dilma Rousseff (PT),
hoje candidata à Presidência
no campo político rival.
Antes chamada de "afilhada" política de Agripino no
Senado, hoje é ela quem alavanca os votos do senador.
O Rio Grande do Norte possui 2,2 milhões de eleitores
-1,65% do país. Há oito
anos, é administrado por
Wilma de Faria (PSB).
ROSA
Com a dianteira nas pesquisas, Rosalba, ou só Rosa
como adotou nesta eleição,
promete ampliar o Bolsa Família e se esquiva do confronto à Presidência.
A campanha não faz nenhuma menção ao candidato
do PSDB ao Planalto, José
Serra, no material gráfico
nem na propaganda de rádio
e TV. O DEM está coligado ao
PSDB no plano nacional.
Bandeiras do tucano só foram vistas nas duas passagens dele pelo Estado.
Ex-prefeita de Mossoró
(segunda cidade mais populosa do Estado), Rosalba trocou o azul do DEM pelo rosa.
Também mudou o corte de
cabelo e emagreceu.
Desde o início da corrida,
ela só usa roupas rosa, além
de broches e presilhas de cabelo com o tema. O estafe que
a acompanha diariamente,
idem, num colorido que chega a se aproximar do vermelho, conforme a multidão.
VOTO CRUZADO
Dono de uma barraquinha
de doces na periferia de Natal, Genival França, 60, comenta, ao observar a candidata lhe acenar do alto do
"Rosamóvel" (caminhão pequeno com palco improvisado na carroceria): "Meu voto
é rosa. Mas para presidente é
na [candidata] do Lula".
Com o microfone à mão,
Rosalba circula em carro
aberto saudando moradores.
"Alô, pessoal da oficina
mecânica! Vocês vão ter sucesso", diz. "Meus amigos aí
do bar! Time bom ganha de
goleada. Vamos levar no primeiro turno, hein?"
No corpo a corpo, Rosalba
tem obsessão por crianças.
Em 12 quadras, pegou sete no
colo. "Eu sou médica, mas,
por causa das crianças, parecia mais que era professora."
Enquanto caminha, sua irmã, Rosina, é quem anota pedidos, endereços dos eleitores e demandas. Também a
acompanha um equipado estafe de produção da campanha, orçada em R$ 12 milhões, a mais cara do Estado.
Segundo pesquisas, o voto
"casado" não ocorre no Estado. Dilma tem ampla dianteira sobre Serra, mas os candidatos apoiados pela presidenciável petista não conseguiram deslanchar.
É só quando se fala sobre o
trio de adversários -Iberê
Ferreira (PSB), Carlos Eduardo Alves (PDT) e Wilma de
Faria (PSB), esta candidata
ao Senado- que Rosalba esquece a fala mansa, franze a
testa e discursa como senadora do DEM: "Eles estão desesperados, veja que é baixaria em todo lugar".
Texto Anterior: Para sobreviver, DEM foca em 2 Estados Próximo Texto: "Eles gostam do Lula e de mim", diz líder do DEM Índice | Comunicar Erros
|