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Lula defende manter Mantega e Meirelles
Presidente aconselha Dilma a alojar Palocci na Casa Civil, mas alas do PT resistem e querem ex-ministro na Saúde
Apesar de dizer que não interferirá no futuro governo, presidente já conversou sobre nova equipe com a sucessora
KENNEDY ALENCAR
DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva já aconselhou a
sucessora, Dilma Rousseff, a
manter Guido Mantega no
Ministério da Fazenda e Henrique Meirelles no comando
do Banco Central.
Apesar de Lula dizer publicamente que não interferirá
no governo Dilma, a Folha
apurou que ele já teve algumas conversas com ela sobre
a formação do ministério.
Lula disse a Dilma que
acha que deu certo a "dobradinha" entre Mantega, tido
como mais desenvolvimentista, e Meirelles, mais conservador, na crise econômica
internacional de 2008/ 2009.
Para Lula, a manutenção
deles sinalizaria uma continuidade que acalmaria o
mercado numa hora de preocupante valorização do real
em relação ao dólar e de possibilidade de guerra cambial
entre os países.
Meirelles seria um indicador da permanência do conservadorismo light adotado
por Lula na política econômica. Já Mantega atenderia aos
que pedem contraponto aos
defensores de maior ortodoxia fiscal e monetária.
Além disso, há a avaliação
de que a eventual manutenção de apenas um deles acabaria por chancelar um lado
da disputa. Apesar do acerto
na crise, há histórico anterior
de embates entre os dois.
O petista também deu conselho a Dilma sobre o destino
de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e coordenador da campanha dela.
Lula gostaria que Palocci
chefiasse a Casa Civil e que
fosse o chefe da transição da
parte do novo governo -função que já cumpriu em 2002.
Palocci, que caiu no episódio da quebra de sigilo do caseiro Francenildo, é muito
identificado com Lula. Há setores no PT que bombardeiam a ida de Palocci para
cargo tão poderoso, sob o argumento de que ele seria
uma sombra para Dilma.
Essas alas petistas defendem Palocci na Saúde, mas
ele não gosta da ideia.
Se Palocci não for para a
Casa Civil, crescem, nessa ordem, as chances de Paulo
Bernardo (Planejamento) e
de Alexandre Padilha (Relações Institucionais) de ocupar o posto. Bernardo está alguns pontos à frente. Dilma
gosta de Padilha, também
cotado para ser o novo chefe
de gabinete da Presidência.
Gilberto Carvalho, chefe
de gabinete de Lula, deve
ocupar a pasta dos Direitos
Humanos ou outro cargo no
Palácio do Planalto, como a
Secretaria-Geral.
Um auxiliar direto de Lula
avalia que é significativa a
possibilidade de Dilma seguir os conselhos do atual
presidente. Mas afirma que
os dois deverão, publicamente, evitar tratar do ministério porque já ocorrem pressões de petistas e aliados por
cargos no novo governo. Ela
já disse a auxiliares que não
pretende anunciar logo nomes do primeiro escalão.
Numa estratégia de ocupação de espaço, Meirelles prefere ir para um ministério e
indicar o sucessor no BC.
O atual presidente do BC
defende Alexandre Tombini,
diretor de Normas da instituição. A cúpula do PMDB já recebeu pedido de Meirelles
para indicá-lo para a Fazenda, mas Dilma resiste. É mais
provável que ela peça para
Meirelles ficar onde está.
Apesar da sugestão de Lula a favor de Mantega, Dilma
também pensa em Luciano
Coutinho -atual presidente
do BNDES- para a Fazenda.
O deputado federal José
Eduardo Martins Cardozo
(PT-SP), coordenador jurídico da campanha, é cotado
para o Ministério da Justiça
ou para a vaga em aberto no
STF (Supremo Tribunal Federal). Na Petrobras, é dada
como certa a manutenção de
Sérgio Gabrielli.
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