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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Sigilo de filha de Serra foi violado com papel falso
RECEITA ADMITE FALSIFICAÇÃO DOCUMENTO TEM ERROS "GROSSEIROS", DIZ TABELIÃO PIVÔ TEM DUAS CONDENAÇÕES
Falso procurador que pediu acesso aos dados teve 4 CPFs cancelados e acumula 16 processos,
6 deles na área criminal
DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO
A Receita Federal quebrou
o sigilo fiscal de Veronica
Serra, filha do candidato a
presidente José Serra (PSDB),
com uma procuração falsa.
O documento solicitando
acesso ao sigilo fiscal de Veronica Serra tinha registro
em cartório onde ela não tem
firma reconhecida, carimbo
que o tabelião afirma ser forjado e assinatura que ela própria não reconhece.
"A falsificação do reconhecimento de firma é grosseira", diz Fábio Tadeu Bisognin, do 16º Tabelião de Notas
de SP. Para ele, há seis adulterações na procuração.
Veronica diz não ter feito o
pedido de consulta.
O técnico em contabilidade Antônio Carlos Atella Ferreira foi quem apresentou a
procuração falsa para pegar
na Receita os dados sigilosos
da filha do candidato tucano.
Com o documento falso
em mãos, em 30 de setembro
de 2009, a servidora Lúcia
Milan, da agência da Receita
em Santo André, coletou as
declarações de Imposto de
Renda de Veronica referentes aos exercícios de 2007 a
2009, e repassou-as a Ferreira no mesmo dia.
Só após a imprensa publicar que o documento não era
verdadeiro, a Receita admitiu que "houve falsificação"
da assinatura de Veronica. O
documento foi entregue ao
Ministério Público Federal,
que investiga o caso.
"A mídia já noticia que a
senhora Veronica Serra não
confirma a assinatura e que o
cartório não confirma o reconhecimento da firma. Diante
desses fatos, aconteceu a falsificação de documento público federal", disse Otacílio
Cartaxo, secretário-geral da
Receita, que leu uma nota e
não quis dar entrevistas.
Cartaxo, contudo, isentou
de culpa a servidora Lúcia
Milan, responsável pelo
acesso aos dados. Disse que
documentos "sem sinais de
fraude ou adulteração" devem ser aceitos. Segundo ele,
recusar essa documentação é
classificado como infração
pelo Estatuto do Servidor.
CRIMES E DÍVIDAS
O autor da procuração que
foi usada para quebrar o sigilo da declaração de renda de
Veronica tem perfil de estelionatário, segundo policiais
ouvidos pela Folha.
Ferreira, 62, já foi condenado duas vezes em 1975 (por
lesões corporais leves e sedução de menor, crime que hoje
é classificado como estupro),
teve quatro CPFs cancelados
e coleciona 16 processos na
Justiça, 6 na área criminal.
Não chegou a ser preso
porque as condenações eram
por períodos curtos: 30 dias
de prisão (no caso de lesão
corporal) e 2 meses e 10 dias
de detenção, no processo de
sedução de menor.
Os CPFs cancelados foram
tirados em São Sebastião
(SP), Porto Velho (RO), em
Cornélio Procópio (PR) e Santo André (SP), onde ele mora.
O atual CPF foi expedido
em Mauá, onde foi quebrado
o sigilo de outras quatro pessoas ligadas a Serra, entre
eles o vice-presidente do
PSDB Eduardo Jorge. A agência de Mauá é subordinada à
delegacia de Santo André.
O PSDB pediu a demissão
de Cartaxo e representou ao
Ministério Público responsabilizando a campanha de Dilma Rousseff pelo episódio.
O presidente Lula defendeu a Receita e Dilma disse
ser "leviandade" tentar associá-la às quebras de sigilo de
pessoas ligadas ao PSDB.
(LEONARDO SOUZA, FERNANDA ODILLA, MATHEUS LEITÃO, MARIO CESAR
CARVALHO E FLÁVIO FERREIRA)
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