São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2010

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Não há uso político da Receita, diz Lula

Planalto avalia que órgão conduziu mal investigações sobre violação do sigilo de EJ

Gilberto Carvalho diz que campanha de Dilma nunca teve interesse em fabricar dossiês e vê desespero da oposição

FÁBIO AMATO
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA

O presidente Lula afirmou ontem que não há prova de que há uso político da Receita. Para o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, a confecção de dossiês para atingir rivais provou ser "ineficaz", e não haveria motivo para produzi-los.
O governo e o comando da campanha de Dilma avaliam, porém, que a Receita conduziu mal as investigações sobre a quebra de sigilo fiscal de tucanos e acabou produzindo "notícia negativa" para a candidata petista.
"Vamos saber o que está acontecendo porque não falta gente para tentar causar problema em época eleitoral. Eu confio na seriedade da Receita e da Polícia Federal", disse Lula. "Precisamos saber que não é a primeira vez que aparece essa coisa de dossiê em campanha e não é a primeira vez que é desmentida essa coisa", completou.
Lula disse que a "curiosidade" dos jornalistas a respeito do caso da filha de José Serra seria esclarecida. Depois, a Receita admitiu que a quebra de sigilo foi feita com base em documento falso.
Gilberto Carvalho responsabilizou o PSDB pelo vazamento de informações. "Para a campanha da Dilma nunca interessou fabricar dossiês. Ela há muito concluiu que, do ponto de vista eleitoral, é de uma ineficácia absoluta para nós. O episódio é uma bala de prata que pode ser uma bala perdida da guerra entre eles. Reflete desespero e uma necessidade absoluta de criar um fato político para alterar um quadro eleitoral que está se desenhando."
Na avaliação de assessores de Lula e de petistas, a Receita não deveria ter incluído o nome da filha de Serra na documentação enviada ao Ministério Público sobre a quebra de sigilo de tucanos.
Como a primeira checagem indicava que o acesso aos dados de Veronica Serra havia sido feito de forma justificada, a equipe de Dilma considera que a Receita não tinha por que inclui-lo no processo. Ao fazê-lo, acabou dando munição ao PSDB.
Depois, queixam-se assessores de Lula, a Receita ainda provocou desgaste porque divulgou que o acesso havia sido feito por meio de procuração de Veronica sem checar a autenticidade. Informado de que a procuração era falsa, Lula ordenou a Guido Mantega que a Receita deveria esclarecer o caso.


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