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Collor tenta emplacar seu advogado no STJ
Também ligado a Renan, Fábio Ferrario encabeça a lista de seis candidatos que a OAB entregou ao tribunal
Corte é responsável
por julgar processos contra governadores; neste ano, já decretou
a prisão de dois deles
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Candidato a governador
de Alagoas, o senador Fernando Collor (PTB-AL) tenta
emplacar seu advogado Fábio Ferrario, 46, como ministro do STJ (Superior Tribunal
de Justiça).
Ele faz lobby pela nomeação do aliado para a vaga do
ex-ministro Humberto Gomes de Barros, também alagoano, que se aposentou há
mais de dois anos.
O STJ comanda investigações e julga processos contra
governadores. Este ano, decretou a prisão de José Roberto Arruda (Distrito Federal) e
Pedro Paulo Dias (Amapá),
acusados de chefiar esquemas de corrupção.
À Folha Ferrario disse que
se julgaria suspeito de votar
em processos contra o ex-presidente. O advogado lidera a disputa pela vaga. Ele
encabeça lista de seis candidatos que a OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) entregou ao STJ há duas semanas.
Foi indicado pela seção alagoana da entidade, acusada
por adversários de Collor de
protegê-lo.
Em agosto, Ferrario conseguiu liberar a candidatura do
senador ao governo, que havia sido impugnada pela Procuradoria Regional Eleitoral
de Alagoas por falta de documentação.
Ele também defendeu Collor em causas particulares,
como a separação da ex-primeira-dama Rosane. O advogado é ligado ainda ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e ao usineiro João Lyra
(PTB), candidato a deputado
na chapa collorida.
Uma fonte próxima a Renan disse que ele ainda não
atuou em favor do amigo,
mas o apoiará caso a indicação chegue ao Planalto.
Antes de se candidatar ao
STJ, o advogado protagonizou embates com a imprensa
e a Polícia Federal. Foi preso
por desacato em 2006, após
orientar um cliente a desobedecer ordem policial. A OAB
saiu em defesa dele.
Dois anos depois, outro
delegado federal o ameaçou
de prisão por desacato quando ele defendia um prefeito
acusado de fraude eleitoral.
Em 2002, atuando como
juiz eleitoral, Ferrario decretou a prisão de um jornalista
e mandou fechar o jornal "A
Notícia", que publicara denúncias contra o Tribunal
Regional Eleitoral. O repórter
ficou 15 dias na cadeia.
Três anos depois, o juiz
Frederico Wilson da Silva
Dantas, da 7ª Vara Federal de
Alagoas, classificou a prisão
de "ilegal" e "erro grosseiro"
e condenou a União a indenizá-lo em R$ 10.000 por danos
morais. A decisão foi cassada
em 2009 pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.
O coordenador da campanha e suplente no Senado de
Collor, Euclydes Mello, elogiou o candidato ao STJ: "É
um advogado muito correto e
respeitado".
Responsável pela indicação, a OAB alagoana afastou
em agosto o presidente de
sua comissão de Combate à
Corrupção Eleitoral, Álvaro
Barbosa, por ir a um ato "Fora Collor" em Maceió.
O presidente da entidade,
Omar Coelho, também defendeu o advogado e disse
que o senador não usará a
proximidade com o presidente Lula para forçar sua
nomeação: "O presidente
Collor não costuma fazer este
tipo de pedido". Procurado,
Collor não deu entrevista.
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