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Gravação indica fraude em Campo Grande
Em vídeo, vereadores de Dourados detalham esquema e dizem cobrar menos propina que a Câmara da capital
Infiltrado da PF diz não ter prova de ato ilícito; presidente da Casa nega irregularidades e prefeitura não comenta
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Em conversa gravada pela
Polícia Federal no dia 7 de junho, dois vereadores da Câmara de Dourados explicam
como funcionava um suposto desvio de verbas da prefeitura e ainda asseguram cobrar menos propina que a Câmara de Campo Grande (MS).
"É assim, ó: 30% para nós,
20% de nota e 50% é de vocês, fica na prefeitura", diz o
então presidente da Casa, Sidlei Alves (DEM), em conversa da qual participaram o secretário Eleandro Passaia,
agindo como infiltrado da
PF, e o vereador Humberto
Teixeira Junior (PDT), primeiro-secretário da Câmara.
Em um trecho, Passaia diz
que 30% "é muito", ao que
Teixeira Júnior responde: "O
Paulo Siufi [presidente da Câmara da capital e ex-líder do
PMDB] com o prefeito de
Campo Grande [Nelson Trad
Filho, do PMDB] devolve
50% todo mês".
A Prefeitura de Dourados
repassava R$ 1 milhão mensal como duodécimo (recurso para custear as despesas
do Legislativo municipal) à
Câmara. Do total, segundo a
Folha apurou, R$ 400 mil
eram devolvidos mensalmente à prefeitura.
Por meio de notas fiscais
frias, 30% deste valor era
"lavado" e, segundo as investigações, revertido aos
vereadores da cúpula -responsáveis, segundo o Ministério Público, pela distribuição do suposto "mensalão".
Na denúncia, a Promotoria diz que o então presidente da Câmara era o "mais voraz" dos vereadores suspeitos e que Teixeira Júnior "envolveu-se profundamente na
trama criminosa".
Eleandro Passaia, em entrevista à Folha ontem, reafirmou o teor do diálogo, mas
ressaltou que não tem indícios de que a menção a Campo Grande tenha fundamento. "Não sei até que ponto
eles não estavam apenas tentando me impressionar".
OUTRO LADO
O presidente da Câmara
Municipal de Campo Grande,
Paulo Siufi (PMDB), disse ontem que "desconhece" as
afirmações contidas no diálogo gravado pela Polícia Federal, mas ressaltou que "se
existirem, os responsáveis
serão incriminados".
Segundo ele, o repasse do
duodécimo é "constitucional" e a devolução de eventuais sobras, "obrigatória". A
Prefeitura de Campo Grande
disse, por meio de sua assessoria, que não irá comentar
enquanto não houver uma
investigação oficial.
O advogado João Arnar,
que representa o vereador Sidlei Alves, negou irregularidades, mas disse que não pode comentar informações
sob segredo de Justiça.
Aílton Garcia, advogado
do vereador Humberto Teixeira Junior, disse que só vai
se manifestar após ter acesso
à integra do processo.
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