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Diretor de estatal pede votos para Dilma
Dirigente da Imprensa Nacional distribui carta durante expediente, mas alega que a enviou apenas a seus amigos
Fernando Tolentino pede que funcionários votem no candidato do PT a governador; lei proíbe essas práticas
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA
O diretor-geral da Imprensa Nacional, Fernando Tolentino, distribuiu a funcionários, na sede da estatal e
em horário de expediente,
uma carta pedindo votos aos
candidatos do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ao governo do DF, Agnelo Queiroz.
A Imprensa Nacional, órgão da Presidência ligado diretamente à Casa Civil, é responsável pela publicação do
"Diário Oficial" da União.
A legislação veda esse tipo
de atitude e a tipifica como
abuso de poder. A lei 8.112,
que dispõe sobre servidores
públicos federais, diz no art.
117 que é proibido promover
manifestação de apreço ou
desapreço no trabalho; valer-se do cargo para ter proveito
pessoal ou para outros; e
exercer quaisquer atividades
que sejam incompatíveis
com o exercício do cargo e
com o horário de trabalho.
A Lei Eleitoral proíbe ainda a conduta do diretor-geral, vedando a atuação de
servidor por partidos ou coligações durante horário de
expediente, a não ser que esteja de férias ou licenciado, o
que não é o caso do dirigente.
Na carta, Tolentino, que é
filiado ao PT, elogia o presidente Lula e critica a oposição "raivosa" e "inconformada". O dirigente confirma a
autoria da carta e que a distribuiu na sede da estatal, mas
somente "para amigos". Ele
nega que o texto tenha sido
entregue indiscriminadamente a todos os servidores.
Ao elencar o que considera
avanços do governo Lula, diz
se sentir recompensado
"porque, ao dar um basta na
política do Estado mínimo, o
governo estancou o processo
de desmonte da Imprensa
Nacional." Em seguida, Tolentino afirma ter ajudado no
processo de fortalecimento
do órgão e que eleger Dilma é
a garantia de "dar continuidade a esse processo".
"Para aprofundar as mudanças em nível nacional, é
preciso eleger Dilma Rousseff, a principal auxiliar de
Lula e nossa ex-ministra chefe da Casa Civil", afirma em
um trecho da carta.
Além de pedir votos para a
candidata petista, Tolentino
sugere que os funcionários
votem em Agnelo e dá dicas
para votar em candidatos a
deputado federal e distrital
da coligação do PT.
"Para deputado distrital
[dá para confiar] somente
nos que começam com 13
(PT), 10 (PRB), 12 (PDT), 40
(PSB), 44 (PRP) e 65 (PC do
B). Cuidado porque há outros
partidos que apoiam Agnelo,
mas alguns de seus candidatos bandearam-se para a turma de [Joaquim] Roriz: 14
(PTB), 15 (PMDB) e 36 (PTC)",
explica o diretor-geral.
Um funcionário que pediu
para não ser identificado disse que recebeu a carta quinta
à tarde de uma funcionária ligada diretamente a Tolentino. Segundo ele, a servidora
chegou ao seu departamento
com uma pilha considerável
de cartas e as distribuiu para
todos. Tolentino disse que
não pediu a ninguém para
que distribuísse as cartas.
O servidor da estatal disse
que não se julga amigo do diretor, mas que mesmo assim
a carta lhe foi entregue.
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