São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2010

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FOCO

Eleição no Brasil tem roteiro similar à da Rússia em 2008

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um presidente extremamente popular encerra seu segundo mandato. Contrariando as expectativas de que poderia mudar a regra buscando o terceiro termo, tira do colete um nome desconhecido. Oriundo da burocracia energética, o candidato nunca disputou uma eleição e é "carregado" pelo padrinho a campanha toda.
Dilma Rousseff? Poderia ser, mas esse é o roteiro aproximado da carreira do presidente russo, Dmitri Medvedev, eleito em 2008 para suceder Vladimir Putin. Como perguntou à Folha um analista russo: "Dilma é uma espécie de Medvedev do Lula?"
Por partes. Realmente há uma semelhança notável no enredo para quem observa de fora. Se os russos tivessem uma expressão para "poste político", ela se aplicaria ao jovial Medvedev, burocrata sempre colado ao mentor.
Em 2008, cartazes gigantes em Moscou mostravam Putin ao lado do pupilo, prometendo a continuidade, como os santinhos de Dilma com Lula. Mais: a propaganda explicitava a ideia de que Putin seguiria mandando.
Aqui começam as diferenças no roteiro. Putin simplesmente continuou dentro do Kremlin, como poderoso primeiro-ministro do governo. Apesar de alguns momentos em que criatura tentou distanciar-se do criador, fato é que Putin segue mandando.
Lula, por mais que continue influente, não terá a caneta de Dilma. E o presidencialismo brasileiro não prevê nenhuma figura com poder similar ao do atual premiê russo para contrabalançar o peso da chefe no Planalto.
Com o proverbial temperamento forte de Dilma, é tema para especuladores descobrir como será sua relação com Lula. Exemplos de rompimento não faltam (Quércia e Fleury, Maluf e Pitta). Na Rússia, Putin é visto como figura certa na cédula presidencial de 2012. Resta saber o que acontecerá aqui em 2014.


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