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FOCO
Eleição no Brasil tem roteiro similar à da Rússia em 2008
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um presidente extremamente popular encerra seu
segundo mandato. Contrariando as expectativas de
que poderia mudar a regra
buscando o terceiro termo, tira do colete um nome desconhecido. Oriundo da burocracia energética, o candidato nunca disputou uma eleição e é "carregado" pelo padrinho a campanha toda.
Dilma Rousseff? Poderia
ser, mas esse é o roteiro aproximado da carreira do presidente russo, Dmitri Medvedev, eleito em 2008 para suceder Vladimir Putin. Como
perguntou à Folha um analista russo: "Dilma é uma espécie de Medvedev do Lula?"
Por partes. Realmente há
uma semelhança notável no
enredo para quem observa
de fora. Se os russos tivessem
uma expressão para "poste
político", ela se aplicaria ao
jovial Medvedev, burocrata
sempre colado ao mentor.
Em 2008, cartazes gigantes em Moscou mostravam
Putin ao lado do pupilo, prometendo a continuidade, como os santinhos de Dilma
com Lula. Mais: a propaganda explicitava a ideia de que
Putin seguiria mandando.
Aqui começam as diferenças no roteiro. Putin simplesmente continuou dentro do
Kremlin, como poderoso primeiro-ministro do governo.
Apesar de alguns momentos
em que criatura tentou distanciar-se do criador, fato é
que Putin segue mandando.
Lula, por mais que continue influente, não terá a caneta de Dilma. E o presidencialismo brasileiro não prevê
nenhuma figura com poder
similar ao do atual premiê
russo para contrabalançar o
peso da chefe no Planalto.
Com o proverbial temperamento forte de Dilma, é tema
para especuladores descobrir como será sua relação
com Lula. Exemplos de rompimento não faltam (Quércia
e Fleury, Maluf e Pitta). Na
Rússia, Putin é visto como figura certa na cédula presidencial de 2012. Resta saber o
que acontecerá aqui em 2014.
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