São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2010

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PARÁ

Jatene critica trato de Lula com a Amazônia

Governador do Pará diz que mercado de carbono faz floresta deixar de ser "santuário"

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BELÉM

Eleito anteontem governador do Pará, Simão Jatene (PSDB) diz que o governo federal trata mal a Amazônia e que a floresta deve deixar de ser vista como "almoxarifado ou santuário" do país.
Em entrevista à Folha, o tucano defendeu a remuneração pela preservação da mata como saída para quebrar esse paradigma.
"Tenho um sentimento que a Amazônia, e especialmente o Pará, não têm tido por parte do governo federal o tratamento que corresponda à contribuição que têm dado ao país", afirmou, lembrando que essa relação é "histórica". O Pará, disse, é um "instrumento de estratégia de desenvolvimento para o Brasil sem a devida correspondência".
"Chega. O Estado só tem uma forma de contribuir para o desenvolvimento brasileiro, que é o seu próprio desenvolvimento. Não dá para continuar desse jeito."
Para Jatene, que também é professor de economia da UFPA (Universidade Federal do Pará), a região continua "sendo vista como uma grande fronteira de recursos naturais, apenas". Isso, afirmou, "é uma doidice".
"Como fronteira de recursos naturais, é a ideia do almoxarifado. Que agora entra em choque com essa questão ambiental em escala mundial. E daí você fica vivendo o drama de dizer: santuário ou almoxarifado? Os dois são uma desgraça para nós."
Uma solução possível, afirmou, é o mercado de carbono. "Preservar rio e floresta na Amazônia é contribuir para o equilíbrio climático do planeta. Isso é um serviço que como tal precisa ser remunerado", disse.
De acordo com Jatene, é preciso que o governo estadual institua políticas para o desenvolver esse mercado.
"Temos que nos equipar. Primeiro, para quantificar [o que há a ser oferecido]. Segundo, para cobrar", afirmou o governador eleito.
Ele também disse que o "Brasil precisa entrar nessa discussão [sequestro de carbono] pela porta da frente" e não ficar "fugindo dessa conversa ou bancar o avestruz".

DILMA
O governador eleito afirmou esperar que Dilma Rousseff (PT), criticada por ambientalistas, "não faça nenhuma coisa nem outra [explorar ou preservar], e que tenha o bom senso para discutir com a Amazônia".
Ele lembrou a futura construção no Estado da usina de Belo Monte. Para Jatene, a obra deve ser feita, mas seu governo deve atuar como mediador entre os agentes da disputa em torno da obra.
Sobre a relação com a mineradora Vale, cuja maior mina de minério de ferro fica no Pará, disse que ela precisa ser reformulada, para que o Estado ganhe mais com o que é extraído em seu subsolo. Para isso, conta ele, o governo federal é parte essencial nessa discussão.
Criticado por sem-terras no Estado, ele negou que vá dar mais poder ao setor ruralista no Estado, recordista em violência no campo.É necessário a "despartidarização desses movimentos", como o MST, afirmou.


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