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PARÁ
Jatene critica trato de Lula com a Amazônia
Governador do Pará diz que mercado de carbono faz floresta deixar de ser "santuário"
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BELÉM
Eleito anteontem governador do Pará, Simão Jatene
(PSDB) diz que o governo federal trata mal a Amazônia e
que a floresta deve deixar de
ser vista como "almoxarifado
ou santuário" do país.
Em entrevista à Folha, o
tucano defendeu a remuneração pela preservação da
mata como saída para quebrar esse paradigma.
"Tenho um sentimento
que a Amazônia, e especialmente o Pará, não têm tido
por parte do governo federal
o tratamento que corresponda à contribuição que têm
dado ao país", afirmou, lembrando que essa relação é
"histórica". O Pará, disse, é
um "instrumento de estratégia de desenvolvimento para
o Brasil sem a devida correspondência".
"Chega. O Estado só tem
uma forma de contribuir para o desenvolvimento brasileiro, que é o seu próprio desenvolvimento. Não dá para
continuar desse jeito."
Para Jatene, que também é
professor de economia da
UFPA (Universidade Federal
do Pará), a região continua
"sendo vista como uma grande fronteira de recursos naturais, apenas". Isso, afirmou,
"é uma doidice".
"Como fronteira de recursos naturais, é a ideia do almoxarifado. Que agora entra
em choque com essa questão
ambiental em escala mundial. E daí você fica vivendo o
drama de dizer: santuário ou
almoxarifado? Os dois são
uma desgraça para nós."
Uma solução possível,
afirmou, é o mercado de carbono. "Preservar rio e floresta na Amazônia é contribuir
para o equilíbrio climático do
planeta. Isso é um serviço
que como tal precisa ser remunerado", disse.
De acordo com Jatene, é
preciso que o governo estadual institua políticas para o
desenvolver esse mercado.
"Temos que nos equipar.
Primeiro, para quantificar [o
que há a ser oferecido]. Segundo, para cobrar", afirmou o governador eleito.
Ele também disse que o
"Brasil precisa entrar nessa
discussão [sequestro de carbono] pela porta da frente" e
não ficar "fugindo dessa conversa ou bancar o avestruz".
DILMA
O governador eleito afirmou esperar que Dilma
Rousseff (PT), criticada por
ambientalistas, "não faça nenhuma coisa nem outra [explorar ou preservar], e que tenha o bom senso para discutir com a Amazônia".
Ele lembrou a futura construção no Estado da usina de
Belo Monte. Para Jatene, a
obra deve ser feita, mas seu
governo deve atuar como
mediador entre os agentes da
disputa em torno da obra.
Sobre a relação com a mineradora Vale, cuja maior
mina de minério de ferro fica
no Pará, disse que ela precisa
ser reformulada, para que o
Estado ganhe mais com o
que é extraído em seu subsolo. Para isso, conta ele, o governo federal é parte essencial nessa discussão.
Criticado por sem-terras
no Estado, ele negou que vá
dar mais poder ao setor ruralista no Estado, recordista em
violência no campo.É necessário a "despartidarização
desses movimentos", como o
MST, afirmou.
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