São Paulo, domingo, 03 de abril de 2011

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Risco de gestação tripla era conhecido, dizem médicos

Segundo especialistas, decisão sobre o número de embriões é do casal

Mãe de trigêmeos no PR recebeu 3 embriões; confirmação sobre gravidez tripla pode ser feita na 8ª semana

EDUARDO GERAQUE
IZABELA MOI
DE SÃO PAULO

A decisão final sobre quantos embriões serão transferidos para o útero da mãe num processo de fertilização "in vitro" é do casal, afirmam especialistas em reprodução.
No caso do Paraná, em que os pais tiveram trigêmeas mas quiseram sair da maternidade com apenas duas, deixando a que tinha insuficiência pulmonar, eles assumiram o risco da gestação tripla.
Mesmo sabendo que nem todo embrião poderá vingar -algo que pode ser ratificado por volta da oitava semana de gravidez, num ultrassom.
"Cabe ao médico orientar o casal com base na quantidade de embriões gerados. E, claro, respeitar as normas", afirma Joji Ueno, especialista em reprodução assistida.
Desde janeiro, diz ele, mulheres com menos de 35 anos não podem receber mais de dois embriões em um ciclo.
A mãe do Paraná, de 28 anos, recebeu três embriões, mas no ano passado, quando o teto era de quatro, independentemente da idade.
"Pela idade da mãe, o médico não deveria ter implantado três embriões", diz Margareth Zanardini, advogada do casal -os nomes e a idade do pai são desconhecidos.
As trigêmeas nasceram prematuras em 24 de janeiro e ficaram um mês na UTI. Ao tentar sair do hospital com duas, o casal perdeu provisoriamente a guarda de todos -que agora estão num abrigo- e pode perdê-la de vez.
Zanardini diz que os pais se arrependeram e tentam na Justiça reaver a guarda.
Falando em tese, Ueno diz que a idade da mulher não é o único fator a ser considerado na decisão de quantos embriões transferir. "Depende dos motivos que dificultam a gravidez." A causa pode estar também no homem.

FILHO ÚNICO
O limite de embriões por idade, criado pelo Conselho Federal de Medicina, visa baixar o número de gestações múltiplas. Na Europa, vários países defendem a tese de que só um embrião seja transferido ao útero. Enquanto lá 15% das transferências são de apenas um embrião, no Brasil a taxa é de menos de 1%.
Gestações múltiplas, além de poder provocar problemas psicológicos nos pais, são consideradas de risco.
"Em vez de terem tirado as crianças, meus clientes deveriam ter recebido orientação psicológica", diz Zanardini.
Psicólogas especializadas na área de família concordam com a decisão da Justiça em proteger as crianças, mas acreditam que a situação ainda tem de ser avaliada.
"Um filho buscado na reprodução assistida costuma ser muito querido. Parece que houve uma atitude impensada, como de uma criança, de resolver e agir", diz Verônica Cezar-Ferreira, psicóloga e advogada da Comissão de Direito de Família da OAB-SP.


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