São Paulo, domingo, 03 de julho de 2011 |
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Brasil não poderá vender Vants a Venezuela Acordo com Israel prevê transferência de tecnologia para produção de avião não tripulado, mas veta exportação Governo israelense teme que venezuelanos repassem o know-how para a fabricação de Vants ao governo do Irã PATRÍCIA CAMPOS MELLO ENVIADA ESPECIAL A TEL AVIV Acordos firmados pelo Brasil com Israel para produzir veículos não tripulados no país impedem que os aparelhos sejam exportados para a Venezuela e a Bolívia. A estatal israelense IAI vendeu dois Vants Heron à Polícia Federal para missões de controle de tráfico de drogas nas fronteiras e negocia outros -um negócio que deve chegar a US$ 350 milhões. A Elbit Systems vendeu dois Vants Hermes 450 para a Força Aérea Brasileira, para monitoração da Amazônia, e deve ampliar o contrato. O governo brasileiro exigiu que as empresas israelenses transferissem tecnologia. Assim, o Brasil poderá produzir seus próprios Vants e, eventualmente, exportar. Mas Israel vai bloquear licenças de exportação, como fizeram os EUA, que vetaram a venda de SuperTucanos da Embraer à Venezuela. A presidente Dilma Rousseff disse em 2010 que pretendia adquirir mais 10 Vants para as fronteiras. O Heron da IAI é o mesmo Vant usado no Afeganistão por Alemanha, Canadá e Inglaterra. "Em três ou quatro anos, teremos a capacidade de estar produzindo nossos Vants no Brasil", disse Miki Bar, assessor da presidência da IAI, que tem uma joint venture com a empresa brasileira Synergy para fabricar Vants. Mas para exportar os Vants produzidos em solo brasileiro é preciso ter autorização do governo israelense, o que não ocorreria com vendas para Venezuela, diz Bar. Israel também não permitiria que o Brasil vendesse Vants à Bolívia. Venezuela e Bolívia romperam relações diplomáticas com Israel em 2009, em protesto pela ofensiva israelense em Gaza. Israel encara Bolívia e Venezuela com desconfiança, devido à proximidade desses países com o governo do Irã. O medo é que a tecnologia dos Vants, usados em operações antiterror em Israel, pare nas mãos dos iranianos. CLÁUSULA "O Brasil, a exemplo dos demais países, respeita as chamadas cláusulas de "end user", pelas quais o país comprador de material militar se compromete a ser usuário final e, portanto, a não repassar a tecnologia adquirida a terceiros sem autorização do país vendedor", disse o Ministério da Defesa em nota. As empresas querem multiplicar suas vendas no Brasil, de olho no patrulhamento do pré-sal, Olimpíada e Copa do Mundo. A Elbit comprou a empresa brasileira Aeroeletrônica, no RS, e pretende começar a fabricar os Vants em solo brasileiro em dois anos. Para isso, negocia joint venture com a Embraer. Joseph Ackerman, president da Elbit, vê no Brasil um cenário semelhante ao americano: "Lá nos EUA, 30% das missões aéreas já são feitas com aviões sem piloto". Segundo Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança, as questões de tecnologia são muito sensíveis e "obviamente não poderemos transferir para alguns países. Mas nosso alvo inicial na joint venture com a Elbit é produzir Vants para o mercado brasileiro e queremos desenvolver tecnologia nacional". Segundo o Ministério da Defesa, o Brasil tem seu próprio programa de Vants, para desenvolver tecnologias que não são repassadas por outros países -sistemas de navegação, pouso e decolagem. "A aquisição eventual de Vants pelo Brasil não prejudica o desenvolvimento dessa tecnologia no país, pois os propósitos de uma operação e outra são distintos", diz o Ministério da Defesa. A compra destina-se a suprir a carência imediata de veículos, enquanto o investimento em tecnologia permitirá produzir industrialmente os Vants. A jornalista PATRÍCIA CAMPOS MELLO viajou a convite do governo de Israel Colaborou LUÍS KAWAGUTI, de São Paulo Texto Anterior: Dilma estende rigor à imagem do governo Próximo Texto: Frases Índice | Comunicar Erros |
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