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Garimpo clandestino devasta floresta no sul do Amazonas
Órgão federal diz que extração de ouro é irregular e contamina rio com mercúrio
Cooperativa minimiza
danos ambientais e diz
que produção de ouro
diminuiu muito -de 40
para 3 quilos por mês
KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
Uma área de 1 km2 de floresta -algo em torno de cem
campos de futebol- foi devastada pelo garimpo clandestino do Juma, em Novo
Aripuanã (AM), diz levantamento do Ibama.
"A extensão da degradação é grande, [há] erosão do
solo [e] assoreamento de leito de igarapés. A ocupação
humana desordenada causa
problemas como lixo e doenças", afirma o analista ambiental Jerfferson Lobato dos
Santos, da Divisão de Controle e Fiscalização do Ibama.
Aberto no início de 2007, o
garimpo do Juma atraiu mais
de 10 mil pessoas de várias
partes do país ao sul do Amazonas. Uma comissão coordenada pela Casa Civil, então
chefiada por Dilma Rousseff,
tentou viabilizar a exploração sustentável do garimpo
após pedido do ex-governador Eduardo Braga (PMDB).
Mas com o desmatamento
e assoreamento dos rios descontrolados, o Ibama barrou
a atividade na Justiça Federal. O licenciamento do garimpo seria autorizado pelo
governo do Amazonas.
Imagens áreas mostram o
resultado da ação devastadora contra a floresta em uma
das regiões mais intocadas
da Amazônia. Na busca de
ouro, os garimpeiros abriram
crateras na mata virgem, a
maior com 50 metros de largura. Com picaretas, eles escavaram encostas e fizeram
nelas galerias e trincheiras.
Nas galerias abriram buracos de oito metros de profundidade, o que lembra o garimpo de Serra Pelada, no Pará. "É uma degradação grande, só recuperável com projetos realizados pelo órgão estadual", afirma Santos.
Ao menos 500 pessoas
continuam no garimpo de
forma clandestina, Por isso,
diz o Ibama, o dano ambiental pode ser maior -o que é
negado pela cooperativa dos
garimpeiros do Juma.
A entidade diz que 40 quilos de ouro chegaram a ser tirados por mês. "Agora eles tiram dois, três quilos, mas o
garimpo só tem associados
da cooperativa, não entra
mais ninguém", diz o garimpeiro Paulo César Lourenço.
O DNPM (Departamento
Nacional de Produção Mineral), órgão federal que autoriza a lavra, diz que o garimpo
do Juma está totalmente irregular, contaminando com
mercúrio o rio que dá nome à
região. "Por que não mandam fechar o garimpo?",
questiona o geólogo Fred
Cruz, chefe de serviço do
DNPM, órgão que faz parte
da comissão da Casa Civil.
À Folha o Ipaam (Instituto
Proteção Ambiental do Amazonas), órgão estadual de
combate o desmatamento,
disse que o dano ambiental
provocado pelo garimpo do
Juma está em fase de dimensionamento e que o objetivo
do governo é reabrir a lavra.
O órgão, diz o Ipaam, está
orientando os garimpeiros
sobre o licenciamento da atividade e instruindo-os a evitar a contaminação: "Está
sendo delineado um projeto
de recuperação da área por
meio de viveiro de mudas diversas a ser executado pelos
próprios garimpeiros".
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