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Vença ou não, Dilma vai ouvir Lula para agir
Petista acredita em vitória no 1º turno, mas adota cautela e evita discutir planos para o dia seguinte com equipe
Candidata insiste que falar sobre futuro "dá azar" e só disse que pretende se reunir com presidente após pleito
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
ANA FLOR
DE SÃO PAULO
A candidata petista Dilma
Rousseff acredita numa vitória no primeiro turno na eleição presidencial, mas prefere
ser cautelosa e evitou traçar
planos com sua equipe para
o dia seguinte.
Até aqui, deixou vazar a
assessores apenas que, seja
qual for o resultado, vai descansar alguns dias e, em seguida, reunir-se com o presidente Lula para definir a estratégia de um eventual segundo turno ou de montagem da equipe de transição e
de futuro governo.
Dilma insiste com sua
equipe que falar sobre planos futuros antes de saber o
resultado da eleição "dá um
grande azar". É sua senha
para evitar o assunto.
Caso vença no primeiro
turno, Dilma vai tirar de três
a cinco dias de descanso. Se a
eleição for para o segundo
turno, a folga será reduzida a
dois dias, no máximo.
A petista avalia que, se a
disputa for para o segundo
turno, é necessário definir a
nova estratégia já nos primeiros dias, por se tratar de apenas dois candidatos.
Se ganhar, Dilma vai querer começar a definir muito
cedo como será seu futuro
governo. Não quer errar nos
primeiros meses e acha importante aproveitar ao máximo o capital político de presidente recém-eleito.
A candidata petista já deixou claro a seu grupo mais
próximo que não vai funcionar a estratégia de tentar
agendar reuniões com ela para falar de equipe de governo, caso ganhe no primeiro
turno, antes que discuta o tema com o presidente Lula.
Segundo um amigo, a candidata adotou essa estratégia
por "respeito" e "agradecimento" ao chefe. É também
uma artimanha para se defender do apetite inicial por
cargos de petistas e aliados.
Lula, do seu lado, comentou na semana passada com
um assessor que "vai morder
a língua para não cair na tentação de indicar nomes" de
uma futura equipe de governo. Mas não deixará de dar
palpites caso seja consultado
-o que, segundo um assessor, ele sabe que acontecerá.
Caso seja questionado, Lula vai aconselhar Dilma sobre cargos estratégicos.
Por exemplo, avalia que
Antonio Palocci Filho deve
estar em algum ministério
chave. Dois nomes que ganharam importância na campanha, o presidente do PT,
José Eduardo Dutra, e o secretário-geral do partido, José Eduardo Cardozo, têm
grandes chances de compor
a equipe.
O chefe de gabinete do
presidente, Gilberto Carvalho, também estará na lista
de Lula para seguir no governo. Está cotado para assumir
algum cargo na área social.
Na sua cota pessoal, Dilma
tem alguns nomes considerados certos, mas sem cargos
definidos por enquanto: a diretora de Gás da Petrobras,
Maria das Graças Foster, o
ex-prefeito de Belo Horizonte
Fernando Pimentel e Giles
Azevedo, seu secretário-executivo na campanha.
Caso a eleição vá para o segundo turno, porém, a tendência é o marqueteiro João
Santana aprofundar a comparação entre os resultados
do governo Lula e a era tucana, buscando questionar a
população se ela deseja uma
volta ao passado.
Além disso, Dilma irá buscar o apoio de Marina Silva.
Apesar dos desentendimentos do passado, Dilma, segundo um assessor, não terá
constrangimentos em pedir
uma conversa com a verde.
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