São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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Vença ou não, Dilma vai ouvir Lula para agir

Petista acredita em vitória no 1º turno, mas adota cautela e evita discutir planos para o dia seguinte com equipe

Candidata insiste que falar sobre futuro "dá azar" e só disse que pretende se reunir com presidente após pleito

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

ANA FLOR
DE SÃO PAULO

A candidata petista Dilma Rousseff acredita numa vitória no primeiro turno na eleição presidencial, mas prefere ser cautelosa e evitou traçar planos com sua equipe para o dia seguinte.
Até aqui, deixou vazar a assessores apenas que, seja qual for o resultado, vai descansar alguns dias e, em seguida, reunir-se com o presidente Lula para definir a estratégia de um eventual segundo turno ou de montagem da equipe de transição e de futuro governo.
Dilma insiste com sua equipe que falar sobre planos futuros antes de saber o resultado da eleição "dá um grande azar". É sua senha para evitar o assunto.
Caso vença no primeiro turno, Dilma vai tirar de três a cinco dias de descanso. Se a eleição for para o segundo turno, a folga será reduzida a dois dias, no máximo.
A petista avalia que, se a disputa for para o segundo turno, é necessário definir a nova estratégia já nos primeiros dias, por se tratar de apenas dois candidatos.
Se ganhar, Dilma vai querer começar a definir muito cedo como será seu futuro governo. Não quer errar nos primeiros meses e acha importante aproveitar ao máximo o capital político de presidente recém-eleito.
A candidata petista já deixou claro a seu grupo mais próximo que não vai funcionar a estratégia de tentar agendar reuniões com ela para falar de equipe de governo, caso ganhe no primeiro turno, antes que discuta o tema com o presidente Lula.
Segundo um amigo, a candidata adotou essa estratégia por "respeito" e "agradecimento" ao chefe. É também uma artimanha para se defender do apetite inicial por cargos de petistas e aliados.
Lula, do seu lado, comentou na semana passada com um assessor que "vai morder a língua para não cair na tentação de indicar nomes" de uma futura equipe de governo. Mas não deixará de dar palpites caso seja consultado -o que, segundo um assessor, ele sabe que acontecerá.
Caso seja questionado, Lula vai aconselhar Dilma sobre cargos estratégicos.
Por exemplo, avalia que Antonio Palocci Filho deve estar em algum ministério chave. Dois nomes que ganharam importância na campanha, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o secretário-geral do partido, José Eduardo Cardozo, têm grandes chances de compor a equipe.
O chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, também estará na lista de Lula para seguir no governo. Está cotado para assumir algum cargo na área social.
Na sua cota pessoal, Dilma tem alguns nomes considerados certos, mas sem cargos definidos por enquanto: a diretora de Gás da Petrobras, Maria das Graças Foster, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e Giles Azevedo, seu secretário-executivo na campanha.
Caso a eleição vá para o segundo turno, porém, a tendência é o marqueteiro João Santana aprofundar a comparação entre os resultados do governo Lula e a era tucana, buscando questionar a população se ela deseja uma volta ao passado.
Além disso, Dilma irá buscar o apoio de Marina Silva. Apesar dos desentendimentos do passado, Dilma, segundo um assessor, não terá constrangimentos em pedir uma conversa com a verde.


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