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ANÁLISE
Demagogia implode política para o mínimo
Vinculação do salário ao crescimento do PIB eliminava a alternância entre megarreajustes e percentuais pífios
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA
A exploração demagógica
suprapartidária de taxas e
valores ameaça implodir a
primeira política de valorização do salário mínimo desde
o Plano Real, sem que tenha
sido demonstrada a necessidade de uma alternativa.
Data de dezembro de 2006
o acordo com as centrais sindicais que definiu reajustes
conforme o crescimento da
economia de dois anos antes.
Naquele momento, o presidente Lula abandonava a inviável promessa eleitoral de
duplicar o poder de compra
do piso salarial. Já descumprida no primeiro mandato,
tal meta levaria, pela nova regra, mais uns dez anos para
ser atingida -com a economia andando bem.
A vinculação entre o mínimo e a variação do PIB combina dois objetivos: pelo lado
trabalhista, quem recebe o
piso legal mantém sua participação na renda do país; no
Orçamento, os benefícios da
Previdência, da assistência
social e do seguro-desemprego não aumentam mais que a
arrecadação de impostos.
Sepultou-se o modelo errático de até então, em que se
alternavam megarreajustes e
percentuais pífios conforme
as pressões políticas e as eleições. Proposta como parte do
PAC, a regra nunca chegou a
ser convertida em lei porque
aliados e oposicionistas
aproveitavam as discussões
para propor reajustes mais
generosos.
No entanto, a fórmula foi
seguida nos últimos anos e,
graças ao momento de prosperidade nacional, evitou
uma piora ainda mais acentuada das contas do Tesouro
Nacional com um mínimo de
desgaste político. A paz, porém, terminou assim que o
PIB deixou de colaborar.
Só neste ano, um impasse
com as centrais impediu a
definição do mínimo e o governo sancionou um imprevisto reajuste baseado no PIB
para as aposentadorias de
maior valor. A compensação
foi definir, em lei, que o próximo governo proporá até
março uma política a ser seguida de 2012 a 2023 -prazo
tão difícil de entender como
de levar a sério.
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