São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Jornal não pediu dossiê antitucano, afirma diretor

Executivo do "Estado de Minas" diz que repórter agiu por conta própria

Amaury Ribeiro Jr. é acusado pela quebra de sigilo fiscal de ao menos sete pessoas ligadas ao PSDB e a José Serra

DE BRASÍLIA

O diretor de Redação do jornal "Estado de Minas", Josemar Gimenez, afirmou ontem à Polícia Federal que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. investigou por "conta própria" pessoas ligadas ao PSDB e ao candidato à Presidência José Serra.
Gimenez disse que Amaury não teve as despesas de viagens custeadas pelo diário mineiro no período em que os dados fiscais dos tucanos foram violados -entre 30 de setembro e 8 de outubro do ano passado.
Segundo Gimenez, Amaury afastou-se do jornal no dia 18 de setembro, voltando no dia 15 do mês seguinte somente para formalizar sua demissão.
O diretor disse também que a última viagem paga pela empresa para Amaury foi em 23 de julho de 2009.
O depoimento contraria a versão apresentada pela PF, que informou que o jornalista estava a serviço do jornal quando houve as quebras de sigilo de tucanos.
Ligado ao chamado "grupo de inteligência" da pré-campanha da petista Dilma Rousseff, Amaury pagou pelos dados violados, de acordo com a PF. Ele foi indiciado sob a acusação de ter encomendado a quebra do sigilo de ao menos sete pessoas.
Conforme a Folha revelou em junho, cópias das declarações de renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, circularam entre pessoas do comitê dilmista.
O jornalista nega que tenha comprado informações confidenciais. Contudo, o intermediário da obtenção dos papéis, o despachante Dirceu Garcia, disse à polícia que recebeu das mãos de Amaury R$ 12 mil em dinheiro pelos dados.
Gimenez disse ainda que o jornal não solicitou ao repórter que investigasse as privatizações do governo FHC nem que fossem feitas reportagens sobre supostos dossiês contra o então governador Aécio Neves (PSDB), senador eleito por Minas Gerais. À PF, Amaury disse que retomou a investigação contra tucanos após saber que um grupo espionava Aécio.
O advogado de Amaury, Adriano Bretas, disse que não comentaria as declarações de Gimenez porque não teve acesso ao depoimento.
O empresário ligado ao PT Benedito Rodrigues de Oliveira Neto confirmou à PF ter dado "ajuda" à casa em Brasília onde funcionou a coordenação de comunicação da pré-campanha de Dilma.
A família de Bené, como é conhecido, tem duas empresas -Dialog e Gráfica Brasil-, que ganharam mais de R$ 200 milhões em contratos com o governo.


Texto Anterior: Mínimo pode ir a R$ 600 no final de 2011
Próximo Texto: Equipe econômica deve ser anunciada antes
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.