São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2010

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Lula se reúne com ditador africano para selar acordos

Presidente da Guiné Equatorial reivindica entrada do país na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Diálogo com Mbasogo sofre críticas; Itamaraty afirma que há "chances de o Brasil influenciar" positivamente o país

ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL À GUINÉ EQUATORIAL

Em visita oficial à Guiné Equatorial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passa a manhã de hoje reunido com o ditador Obiang Nguema Mbasogo.
O objetivo é negociar a entrada do país na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e acordos de comércio -em especial de produtos industrializados.
Ontem, ao chegar ao país, Lula foi recebido pelo presidente na porta do avião e por dezenas de pessoas com bandeirinhas do Brasil e da Guiné Equatorial e camisetas com estampa de ambos os presidentes, lado a lado.
A Guiné Equatorial é uma república com eleições a cada sete anos -o presidente pode se reeleger quantas vezes quiser. Independente da Espanha desde 1968, foi por um golpe que Mbasogo tomou o poder do país em 1979.
Desde então, é acusado de reprimir e matar opositores e manter o poder com violência. Pelas ruas da capital Malabo circulam policiais armados com fuzis AK-47 e tanques de guerra. Desde os anos 1990, quando descobriu petróleo, o país tem um dos maiores PIBs da África, mas os índices de desenvolvimento humano, alfabetismo e expectativa de vida não acompanharam.
O país ainda sofre com doenças tropicais, como malária e febre tifoide.
Mbasogo, entretanto, é considerado um dos mandatários mais ricos do mundo.

INTEGRAÇÃO
Segundo um diplomata brasileiro que acompanha a missão, a opção do Brasil é "por integrar, não isolar", como agem outros países. Já os empresários afirmam que o Brasil não deve fechar as portas do comércio bilateral. Segundo o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, Norton Rapesta, "há mais chances de o Brasil influenciar" positivamente o país com uma relação próxima.
O apoio de Lula à entrada do país na CPLP é questionado. Apesar das duas principais línguas oficiais serem o espanhol e o francês, a Guiné reivindica o posto por ter o português como predominante em uma de suas ilhas.
Lula deixou ontem Cabo Verde, onde conversou com o presidente e o primeiro-ministro do país para que a Petrobras faça a prospecção de petróleo nas ilhas. Disse que, ao voltar ao Brasil, irá conversar com a direção da estatal para que inicie conversas com o país africano.
Lula segue hoje para o Quênia. Amanhã viaja para a Tanzânia e depois vai à Zâmbia. O giro africano termina na África do Sul.


A convite do Planalto, a repórter ANA FLOR viajou de Cabo Verde à Guiné Equatorial numa aeronave da Força Aérea Brasileira


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