São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2011

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Dilma demite Jobim e põe Celso Amorim na Defesa

Ministro cai após criar embaraço com comentários pejorativos sobre colegas

Dias depois de declarar voto em Serra em 2010, Jobim chamou Ideli Salvatti de "fraquinha" em entrevista a revista

DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A TABATINGA


A presidente Dilma Rousseff oficializou ontem a demissão do ministro Nelson Jobim (Defesa) e nomeou para seu lugar o chanceler do governo Lula, Celso Amorim.
É o terceiro ministro a deixar o governo em menos de oito meses de gestão.
A decisão foi tomada ontem pela manhã, depois de a presidente ler reportagem sobre Jobim na revista "Piauí", cujo conteúdo foi antecipado pela Folha, na qual ele faz comentários pejorativos sobre colegas de ministério.
Dilma considerou "insustentável" a situação de Jobim diante de suas declarações à revista, em que classificava Ideli Salvatti (Relações Institucionais) de "fraquinha" e dizia que Gleisi Hoffmann (Casa Civil) "nem conhece Brasília". Ele relatava o que considerou "trapalhadas" na polêmica sobre o sigilo eterno de documentos oficiais.
Jobim, que passou o dia de ontem em viagem à fronteira do Brasil com a Colômbia, chegou ao Planalto por volta das 20h. Antes de voltar, havia dito que suas palavras foram tiradas do contexto.
O ministro antecipou seu retorno a pedido de Dilma, com quem conversou por telefone à tarde. Na conversa, a presidente sugeriu a Jobim que pedisse demissão. "Ou você pede demissão ou eu terei que demiti-lo", teria dito.
Num encontro no Planalto que não durou cinco minutos, Jobim entregou a carta de demissão.

SUBSTITUTO
Escolhido como substituto, Celso Amorim, ex-ministro de Lula tal como Jobim, chegou a ser cogitado para o cargo durante a montagem do governo de Dilma.
Nos últimos dias, assessores da presidente disseram à Folha que Amorim dava indicações de estar em campanha para assumir o posto.
Dilma só ligou para Amorim após receber a carta de Jobim. O ex-chanceler já tinha dado sinal positivo, ao ser sondado, por telefone, pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. As conversas, com Dilma e com Carvalho, foram curtas.
"Eu e a presidente nos damos muito bem", limitou-se a dizer Amorim à Folha, depois de confirmado na vaga.
Segundo ele, o ato de nomeação deverá sair já no "Diário Oficial da União" de hoje, mas as cerimônias de posse e transmissão de cargo ficarão para segunda-feira.
O trecho da reportagem da "Piauí" que mais irritou Dilma não foi a citação às ministras, mas como Jobim relatou à revista conversa entre os dois sobre a contratação do ex-deputado José Genoino para ser assessor na Defesa.
Segundo a revista, ela perguntou se ele seria "útil", ao que Jobim respondeu: "Presidente, quem sabe se ele pode ou não ser útil sou eu".
Jobim havia escapado de uma demissão anteontem, quando se reuniu por cerca de uma hora com Dilma para explicar declarações de que votou em José Serra em 2010.
Alvos de ataques de Jobim, as ministras Ideli e Gleisi reagiram de maneira comedida.
Em entrevista à Folha e ao UOL, Ideli classificou as declarações de "desnecessárias". Gleisi divulgou, por assessoria, que considerava "irrelevante" o comentário.
Jobim tentou desfazer o mal-estar ligando anteontem à noite para Ideli e Gleisi.
Conseguiu falar com a primeira, mas não teve sucesso com a segunda. À tarde, negou ter feito comentários desabonadores a colegas.

O repórter JOÃO CARLOS MAGALHÃES fez o percurso Brasília-Manaus-Tabatinga em avião da FAB, a convite.


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