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Revelações sobre escândalo da Receita Federal vêm a conta-gotas
Há dúvida se existe elo entre servidoras e "grupo de inteligência"
DE SÃO PAULO
As investigações sobre a
violação do sigilo fiscal de
Veronica Serra e de outras
quatro pessoas associadas ao
candidato do PSDB à Presidência, José Serra, produziram revelações a conta-gotas
nos últimos dias, mas ainda
estão longe de esclarecer as
principais dúvidas do caso.
O que se sabe até agora é
que duas analistas da Receita
Federal usaram seus computadores para acessar as declarações de Imposto de Renda da filha de Serra e de mais
quatro tucanos entre setembro e outubro do ano passado, sem ter nenhuma razão
profissional para fazer isso.
Mas ainda não se sabe
quem encomendou o serviço
nem se existe alguma ligação
entre essas analistas e a equipe que um colaborador da
candidata do PT, Dilma
Rousseff, formou logo no início da corrida presidencial
com o objetivo de investigar
o campo adversário.
A história veio à tona no
fim de maio, quando a imprensa noticiou a movimentação do jornalista Luiz Lanzetta, que ajudara a montar o
primeiro comitê de Dilma em
Brasília e fora contratado pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel,
amigo da candidata petista.
EQUIPE ESPECIAL
No dia 20 de abril, Lanzetta reuniu-se em Brasília com
o jornalista Amaury Ribeiro
Júnior e o delegado federal
aposentado Onézimo Sousa
para discutir a formação de
uma equipe especial de investigações. O encontro foi
revelado pela revista "Veja".
Lanzetta diz que seu objetivo era monitorar os funcionários do comitê petista para
evitar vazamentos. Mas Onézimo declarou em entrevistas
e em depoimento ao Congresso que sua missão seria
investigar Serra em busca de
informações embaraçosas.
Ribeiro é amigo de Lanzetta e desde o ano passado trabalha num livro sobre as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002). Lanzetta fez circular na internet parte do
conteúdo do livro e afastou-se da campanha de Dilma.
DOSSIÊ
Em junho, a Folha examinou três conjuntos de papéis
que circularam na campanha petista com dados de Veronica, do empresário Gregório Marin Preciado, casado
com uma prima de Serra, e
do ex-diretor do Banco do
Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira, que ajudou a arrecadar
fundos para Serra nas eleições de 1994.
O dossiê também tinha cópias das declarações de Imposto de Renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, obtidas ilegalmente, e documentos sobre três depósitos recentes
feitos em sua conta bancária.
A revelação obrigou a Receita Federal a abrir a investigação interna que está atualmente em curso.
A Corregedoria da Receita
espera concluí-la no fim de
outubro, bem depois do primeiro turno da eleição presidencial, marcado para dia 3.
A Receita já identificou as
analistas que copiaram as
declarações de Veronica e
Eduardo Jorge. Lúcia Milan,
que trabalha numa agência
em Santo André, acessou as
informações da filha de Serra. Adeildda Ferreira, de
Mauá, imprimiu as declarações de Eduardo Jorge.
As investigações indicaram que as analistas de Mauá
também violaram o sigilo fiscal do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, que é do
PSDB, e de dezenas de pessoas sem ligações políticas.
Lúcia acessou os dados de
Veronica a pedido do contador Antônio Carlos Atella
Ferreira e aceitou uma procuração forjada grosseiramente
como prova de que ele representava a filha de Serra. Atella foi filiado ao PT no passado e se recusa a revelar para
quem estava trabalhando.
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