São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2010

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Crescimento desordenado desafia região

DO ENVIADO A PERNAMBUCO

A rua principal da praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho (PE), está imprestável -esburacada, com montes de pedra, terra e sujeira.
Segundo moradores, a praça do lugar virou ponto de crack, e, com a chegada de trabalhadores de todas as partes para o polo de Suape, jovens se prostituem cada vez mais cedo.
O centro de Ipojuca, que, graças a Suape a ao turismo, tem o maior PIB per capita de Pernambuco (R$ 76.418, IBGE-2007) é degradado, feio e caótico.
Apesar de endinheirado, o município tem alta incidência de pobreza (62,8%, IBGE-2003). O crack também chegou a Porto de Galinhas, praia mais badalada da cidade.
O boom gerou um crescimento desordenado, numa região sem infraestrutura adequada ao salto.
Embora parte da solução pudesse vir de programas federais, os problemas estão longe de afetar o prestígio de Lula por ali.
"A situação está crítica, não há nenhuma segurança para sair à noite, e a pracinha virou uma cracolândia. Até o final do ano, vou embora daqui", relata o comerciante José Fernando dos Santos.
Sobre Lula, o tom muda: "Ele acordou Pernambuco, um Estado que estava se acabando. Vou votar em Dilma sem gostar muito dela, só por causa dele".
Outro efeito nocivo do boom é ambiental. A ampliação de Suape afeta a pesca. A construção do novo estaleiro aterrou parte de uma ilha e destruiu manguezais.
"Pescava 200 kg de peixe. Hoje, volto sem nada", queixa-se Nelson Santana da Silva, 56, uma ave rara: é um dos últimos pescadores da praia de Calhetas e o único, entre cerca de 30 entrevistados na região, a falar mal de Lula. (FV)


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