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MINAS GERAIS
Candidatos ao governo são acusados de usar máquina
Anastasia fez 3.545 convênios com cidades; gestão Costa nos Correios é criticada
Assessores do candidato do PMDB admitem que cerca de 600 dos 853 prefeitos de MG apoiam o governador tucano
ELVIRA LOBATO
DO RIO
Principais adversários na
eleição para o governo de Minas Gerais, o governador Antonio Anastasia (PSDB) e o
ex-ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB) são
acusados de usar a máquina
para obter apoio de prefeitos.
De 1º de junho a 3 de julho
(data limite de transferência
voluntária de recursos públicos em ano eleitoral), Anastasia assinou 3.545 convênios, no valor de R$ 982 milhões, com 842 prefeituras.
Costa entrou com pedido
de investigação na Justiça
Eleitoral, em que acusa o governador de abuso de poder
econômico e político.
Os advogados do partido
compararam os convênios de
junho deste ano com os de
igual período de 2009. A conclusão é de que o número foi
multiplicado por 7,1 vezes
(de 497 para 3.545) e o valor,
por 18 vezes (R$ 54,6 milhões
para R$ 982 milhões).
Anastasia critica a comparação: diz que deveria ser
comparado o total de convênios assinados em 2009 com
o total deste ano, que, segundo ele, são semelhantes.
Assessores de Costa admitem que cerca de 600 dos 853
prefeitos do Estado apoiam o
governador, incluindo muitos do PMDB. Mas Costa também é acusado por prefeitos
de ter usado a máquina como
ministro das Comunicações.
Os Correios aceleraram a
implantação e reforma de
agências em Minas neste
ano. De janeiro até agora foram inauguradas 49, com
previsão de chegar a 80 até o
final do ano, contra 30 inaugurações em 2009. Prefeitos
dizem que as inaugurações
eram atos de campanha, com
deputados e cabos eleitorais.
""Consegui dois telecentros
e uma rádio comunitária com
Hélio Costa. Ele tinha prometido reformar a agência dos
Correios, mas desistiu depois
de meu partido se aliar a
Anastasia", diz Marconi Antônio da Silva (PSC), prefeito
de Felixlândia. A cidade, de
14 mil habitantes, obteve 11
convênios de 3 a 6 de junho,
no valor de de R$ 1,1 milhão.
Para o PMDB, a distribuição foi política. Governador
Valadares, com 263 mil habitantes, recebeu R$ 160,9 mil,
enquanto Serra da Saudade
(menor município de Minas,
com 890 habitantes), recebeu R$ 287,1 mil. A primeira é
do PMDB, e a segunda do
PDT, aliado de Anastasia.
VELÓRIO
Sete Lagoas, de administração tucana, obteve R$ 33,5
milhões. No pacote, estão R$
176 mil para construção de
duas capelas de velório.
""Estou no quarto mandato
como prefeito, e é a primeira
vez que recebo ajuda do governo estadual. Por isso vou
pedir voto para o Anastasia",
diz Nivaldo José Andrade
(PMDB), prefeito de São João
Del Rei. Ele obteve 13 convênios, de R$ 7,6 milhões.
Segundo Andrade, a maioria dos prefeitos peemedebistas de sua região bandeou-se
para Anastasia. A coligação
PMDB-PT não foi digerida. O
prefeito reclama de ter sido
vaiado por militantes do PT,
recentemente, ao recepcionar Hélio Costa na cidade. O
vice de Costa é Patrus Ananias (PT), incluído na chapa
por imposição do Planalto.
O prefeito de Jacutinga, de
25 mil habitantes, Darci Cardoso (PMDB), se diz dividido:
""Não sei em quem votarei.
No momento, eu estou assim: quem ganhar, eu sou".
Ele obteve dois convênios
do Estado, no valor de R$
916,9 mil, para asfaltamento
de ruas, mas diz que os recursos ainda não chegaram à
prefeitura: ""Se o Anastasia já
tivesse mandado o dinheiro,
eu vestia a camisa dele".
Só 11 cidades não fizeram
convênios. Uma delas é Jeceaba. O prefeito Júlio César
Reis (PT) diz que ficará neutro porque o Estado beneficiou o município com um distrito industrial: ""Estou numa
situação em que não posso
tomar partido nem para
Anastasia nem para Costa".
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