São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2010

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MINAS GERAIS

Candidatos ao governo são acusados de usar máquina

Anastasia fez 3.545 convênios com cidades; gestão Costa nos Correios é criticada

Assessores do candidato do PMDB admitem que cerca de 600 dos 853 prefeitos de MG apoiam o governador tucano

ELVIRA LOBATO
DO RIO

Principais adversários na eleição para o governo de Minas Gerais, o governador Antonio Anastasia (PSDB) e o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB) são acusados de usar a máquina para obter apoio de prefeitos.
De 1º de junho a 3 de julho (data limite de transferência voluntária de recursos públicos em ano eleitoral), Anastasia assinou 3.545 convênios, no valor de R$ 982 milhões, com 842 prefeituras.
Costa entrou com pedido de investigação na Justiça Eleitoral, em que acusa o governador de abuso de poder econômico e político.
Os advogados do partido compararam os convênios de junho deste ano com os de igual período de 2009. A conclusão é de que o número foi multiplicado por 7,1 vezes (de 497 para 3.545) e o valor, por 18 vezes (R$ 54,6 milhões para R$ 982 milhões).
Anastasia critica a comparação: diz que deveria ser comparado o total de convênios assinados em 2009 com o total deste ano, que, segundo ele, são semelhantes.
Assessores de Costa admitem que cerca de 600 dos 853 prefeitos do Estado apoiam o governador, incluindo muitos do PMDB. Mas Costa também é acusado por prefeitos de ter usado a máquina como ministro das Comunicações.
Os Correios aceleraram a implantação e reforma de agências em Minas neste ano. De janeiro até agora foram inauguradas 49, com previsão de chegar a 80 até o final do ano, contra 30 inaugurações em 2009. Prefeitos dizem que as inaugurações eram atos de campanha, com deputados e cabos eleitorais.
""Consegui dois telecentros e uma rádio comunitária com Hélio Costa. Ele tinha prometido reformar a agência dos Correios, mas desistiu depois de meu partido se aliar a Anastasia", diz Marconi Antônio da Silva (PSC), prefeito de Felixlândia. A cidade, de 14 mil habitantes, obteve 11 convênios de 3 a 6 de junho, no valor de de R$ 1,1 milhão.
Para o PMDB, a distribuição foi política. Governador Valadares, com 263 mil habitantes, recebeu R$ 160,9 mil, enquanto Serra da Saudade (menor município de Minas, com 890 habitantes), recebeu R$ 287,1 mil. A primeira é do PMDB, e a segunda do PDT, aliado de Anastasia.

VELÓRIO
Sete Lagoas, de administração tucana, obteve R$ 33,5 milhões. No pacote, estão R$ 176 mil para construção de duas capelas de velório.
""Estou no quarto mandato como prefeito, e é a primeira vez que recebo ajuda do governo estadual. Por isso vou pedir voto para o Anastasia", diz Nivaldo José Andrade (PMDB), prefeito de São João Del Rei. Ele obteve 13 convênios, de R$ 7,6 milhões.
Segundo Andrade, a maioria dos prefeitos peemedebistas de sua região bandeou-se para Anastasia. A coligação PMDB-PT não foi digerida. O prefeito reclama de ter sido vaiado por militantes do PT, recentemente, ao recepcionar Hélio Costa na cidade. O vice de Costa é Patrus Ananias (PT), incluído na chapa por imposição do Planalto.
O prefeito de Jacutinga, de 25 mil habitantes, Darci Cardoso (PMDB), se diz dividido: ""Não sei em quem votarei. No momento, eu estou assim: quem ganhar, eu sou".
Ele obteve dois convênios do Estado, no valor de R$ 916,9 mil, para asfaltamento de ruas, mas diz que os recursos ainda não chegaram à prefeitura: ""Se o Anastasia já tivesse mandado o dinheiro, eu vestia a camisa dele".
Só 11 cidades não fizeram convênios. Uma delas é Jeceaba. O prefeito Júlio César Reis (PT) diz que ficará neutro porque o Estado beneficiou o município com um distrito industrial: ""Estou numa situação em que não posso tomar partido nem para Anastasia nem para Costa".


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