DE SÃO PAULO

Estudo com 209 perfis de políticos no Twitter mostra que eles usam a rede social muito mais para autopromoção do que para interação.
Segundo o trabalho dos cientistas políticos Hilton Cesario Fernandes e Ludmila Almeida, 70,3% dos tuítes analisados tratavam de assuntos políticos (promoção própria ou de aliados), enquanto 25,3% eram respostas a outros tuiteiros e 4,4% se referiam a assuntos diversos.
Os autores analisaram 176.642 tuítes de 18.jun a 4.jul deste ano. Foram considerados apenas políticos que ocupassem "cargos públicos eletivos de relevância nacional" e que tivessem mais de cem mensagens até 31.mar.
O estudo "Políticos na Internet: Estímulo à Participação Política ou Guerra de Egos?" mostra ainda que, quanto mais o político usa o Twitter, mais ele é mencionado e mais ele interage com outros usuários.
"Há políticos bem pouco conhecidos que são bem ativos e estão entre os 20 mais citados na análise", diz Fernandes. "É como se eles fossem aprendendo. Talvez daqui a alguns anos a internet seja uma ferramenta que incentive a participação política. Os próprios usuários se encarregam de ensinar os políticos a interagir", afirma.
Os principais presidenciáveis exemplificam o argumento. José Serra (PSDB), no Twitter há mais tempo, é, para Fernandes, o candidato que melhor usa a rede social. Em segundo lugar está Marina Silva (PV) e, em terceiro, Dilma Rousseff (PT), que foi a última a aderir ao microblog.
"É o que eu chamo de espírito da internet. Não adianta, como fez Dilma, montar uma equipe para fazer esse trabalho na rede. Se não for autêntico, não funciona."
Para Fernandes, Serra é um caso curioso (e bem-sucedido) de uso do Twitter, porque mantém uma rotina: "Ele fala do dia de trabalho, da campanha, faz comentários políticos e, depois, faz comentários culturais. É o jeito de se aproximar do usuário, do público jovem".
(UIRÁ MACHADO)


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