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Se eleita, Dilma terá maioria para mudar Carta
Partidos que formam o atual bloco governista ocuparão 73% das cadeiras de Câmara e Senado a partir de 2011
Caso vença, José Serra
será obrigado a negociar
com PMDB, PP e PTB; oposição ficou com 27% das cadeiras nas Casas
DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO
A eleição de domingo possibilitará a um eventual governo Dilma Rousseff (PT)
mudar com folga a Constituição federal, tarefa que exige
pelo menos 60% do apoio de
senadores e deputados.
Em 2007, por quatro votos,
o governo perdeu a votação
no Senado que extinguiu a
CPMF e deixou de arrecadar
R$ 40 bilhões ao ano. E, em
junho, o Planalto foi obrigado a sancionar o reajuste de
7,7% aos aposentados dado
pelo Congresso, com gasto
adicional de R$ 1,6 bilhão.
Em 2011, os partidos do
bloco governista controlarão
73% das cadeiras de cada
uma das Casas, superando o
que possuem hoje -70% na
Câmara e 59% no Senado.
Caso vença, José Serra
(PSDB) terá de negociar com
partidos como PMDB, PP,
PTB e PR, já que a base oposicionista, incluindo os partidos "independentes", ficará
com 27% das cadeiras.
Para o cientista político
Bolívar Lamounier, caso Dilma seja eleita, a composição
governista das duas Casas
"estará no limite do tolerável, o que obriga a uma vigilância atenta da sociedade".
Em agosto, Lamounier escreveu o artigo "A mexicanização em marcha", apontando tendências autoritárias do
PT: "O resultado nos Estados
foi bom. Estou menos angustiado, mas o risco persiste. É
uma maioria muito grande
nas mãos de um partido fisiológico como o PMDB e de um
partido como o PT, ambíguo
com a democracia".
Fabiano Santos, professor
de ciência política da Uerj,
discorda: "Não há nada parecido com Venezuela ou México". Para ele, a oposição é
saudável e "a composição da
base governista é bastante
heterogênea, o que exige
constantes acordos dentro
da própria coalização".
ELEITOS
A listagem de eleitos -que
pode sofrer alteração por
causa da Lei da Ficha Limpa- mostra o PT como principal vencedor no Congresso.
No Senado, o partido aumentou suas cadeiras de 8
para 13, saindo da quarta para segunda maior bancada.
Na Câmara, o PT assumiu
a liderança ao eleger 88 deputados (hoje possui 79),
desbancando o PMDB, que
caiu de 90 para 79 cadeiras.
Com isso, a disputa pela
presidência da Casa num governo Dilma começa favorável ao PT. "Ter a maior bancada credencia o partido a
pleitear a presidência", disse
o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo e cotado para a disputa.
Mesmo tendo eleito nove
deputados a menos que os
petistas, o PMDB está disposto a lutar pela vaga.
"Esse assunto não está em
pauta, mas ter a maior bancada não é critério para ser o
presidente", disse o deputado Henrique Eduardo Alves
(RN), líder da bancada peemedebista e nome da legenda para o cargo, indicado por
Michel Temer, vice de Dilma.
Outros partidos que saíram vencedores foram o PSB,
do governador Eduardo
Campos (PE), e o PP.
Apesar da derrapagem na
Câmara, o PMDB aumentou
seu tamanho no Senado -de
17 para 19- e continua sendo
a maior bancada. PDT e PC
do B também cresceram.
A taxa de renovação na Câmara ficou em 43%, ante
41% de 2006. A bancada
evangélica do Congresso ficou praticamente inalterada.
Líder evangélico na Câmara,
João Campos (PSDB-GO) diz
que vai trabalhar contra a
descriminalização do aborto.
A bancada feminina também
ficou estável na Câmara.
(RANIER BRAGON, FERNANDA ODILLA,
GABRIELA GUERREIRO, JOHANNA NUBLAT E UIRÁ MACHADO)
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