São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2010

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Se eleita, Dilma terá maioria para mudar Carta

Partidos que formam o atual bloco governista ocuparão 73% das cadeiras de Câmara e Senado a partir de 2011

Caso vença, José Serra será obrigado a negociar com PMDB, PP e PTB; oposição ficou com 27% das cadeiras nas Casas

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

A eleição de domingo possibilitará a um eventual governo Dilma Rousseff (PT) mudar com folga a Constituição federal, tarefa que exige pelo menos 60% do apoio de senadores e deputados.
Em 2007, por quatro votos, o governo perdeu a votação no Senado que extinguiu a CPMF e deixou de arrecadar R$ 40 bilhões ao ano. E, em junho, o Planalto foi obrigado a sancionar o reajuste de 7,7% aos aposentados dado pelo Congresso, com gasto adicional de R$ 1,6 bilhão.
Em 2011, os partidos do bloco governista controlarão 73% das cadeiras de cada uma das Casas, superando o que possuem hoje -70% na Câmara e 59% no Senado.
Caso vença, José Serra (PSDB) terá de negociar com partidos como PMDB, PP, PTB e PR, já que a base oposicionista, incluindo os partidos "independentes", ficará com 27% das cadeiras.
Para o cientista político Bolívar Lamounier, caso Dilma seja eleita, a composição governista das duas Casas "estará no limite do tolerável, o que obriga a uma vigilância atenta da sociedade".
Em agosto, Lamounier escreveu o artigo "A mexicanização em marcha", apontando tendências autoritárias do PT: "O resultado nos Estados foi bom. Estou menos angustiado, mas o risco persiste. É uma maioria muito grande nas mãos de um partido fisiológico como o PMDB e de um partido como o PT, ambíguo com a democracia".
Fabiano Santos, professor de ciência política da Uerj, discorda: "Não há nada parecido com Venezuela ou México". Para ele, a oposição é saudável e "a composição da base governista é bastante heterogênea, o que exige constantes acordos dentro da própria coalização".

ELEITOS
A listagem de eleitos -que pode sofrer alteração por causa da Lei da Ficha Limpa- mostra o PT como principal vencedor no Congresso.
No Senado, o partido aumentou suas cadeiras de 8 para 13, saindo da quarta para segunda maior bancada.
Na Câmara, o PT assumiu a liderança ao eleger 88 deputados (hoje possui 79), desbancando o PMDB, que caiu de 90 para 79 cadeiras.
Com isso, a disputa pela presidência da Casa num governo Dilma começa favorável ao PT. "Ter a maior bancada credencia o partido a pleitear a presidência", disse o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo e cotado para a disputa.
Mesmo tendo eleito nove deputados a menos que os petistas, o PMDB está disposto a lutar pela vaga.
"Esse assunto não está em pauta, mas ter a maior bancada não é critério para ser o presidente", disse o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder da bancada peemedebista e nome da legenda para o cargo, indicado por Michel Temer, vice de Dilma.
Outros partidos que saíram vencedores foram o PSB, do governador Eduardo Campos (PE), e o PP.
Apesar da derrapagem na Câmara, o PMDB aumentou seu tamanho no Senado -de 17 para 19- e continua sendo a maior bancada. PDT e PC do B também cresceram.
A taxa de renovação na Câmara ficou em 43%, ante 41% de 2006. A bancada evangélica do Congresso ficou praticamente inalterada. Líder evangélico na Câmara, João Campos (PSDB-GO) diz que vai trabalhar contra a descriminalização do aborto. A bancada feminina também ficou estável na Câmara. (RANIER BRAGON, FERNANDA ODILLA, GABRIELA GUERREIRO, JOHANNA NUBLAT E UIRÁ MACHADO)


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