São Paulo, quarta-feira, 05 de outubro de 2011

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Deputados indicam verba para locais onde não têm votos

Segundo parlamentar que deflagrou escândalo, este é um dos sinais da venda ilegal de emendas ao Orçamento

Ao menos 6 deputados destinaram recursos a cidades onde não tiveram voto; eles negam irregularidade

DE SÃO PAULO

Ao menos seis deputados estaduais usaram emendas ao Orçamento do governo de São Paulo para destinar recursos a municípios onde não tiveram voto.
Os dados foram obtidos em um cruzamento feito pela Folha na lista de emendas parlamentares (recém-divulgada pelo governo de São Paulo) com os relatórios de votações disponíveis no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Segundo o deputado Roque Barbiere (PTB), que deflagrou uma crise na Assembleia ao apontar a "venda" de emendas, a indicação de recursos para locais onde os deputados não têm base eleitoral é um dos indícios do comércio ilegal.
Não há impedimento legal para a destinação de emendas a cidades onde parlamentares não têm atuação política. Mas, tradicionalmente, eles indicam recursos aos seus redutos para contemplar pleitos dos eleitores.
Os deputados que destinaram recursos para municípios onde não tiveram votos são: Dilmo dos Santos (PV), Ed Thomas (PSB), Geraldo Vinholi (PSDB), Gilmaci Santos (PRB), Orlando Morando (PSDB) e Vanessa Damo (PMDB).
Presidente do PRB, Gilmaci Santos tem base eleitoral na capital, mas indicou R$ 1 milhão para sete cidades onde não foi votado, segundo dados da Justiça Eleitoral.
Membro do Conselho de Ética da Assembleia, o pastor Dilmo dos Santos destinou R$ 300 mil para a construção de dois barracões nas cidades de Lourdes e Nova Castilho, na região noroeste do Estado, municípios que não tiveram nenhuma participação em sua eleição.
Todas as emendas resultaram em recursos disponíveis para as prefeituras executarem obras.
Hélio Nishimoto (PSDB), presidente do Conselho de Ética, destinou R$ 150 mil para o município de Lavrinhas, onde teve apenas um voto.

BRUNO COVAS
Segundo a lista publicada pelo governo do Estado, o secretário estadual Bruno Covas (Meio Ambiente) elaborou uma emenda de R$ 100 mil para a cidade de Quatá, onde não teve votos.
Ele foi eleito deputado, mas se licenciou para assumir o posto no Executivo.
Procurada pela Folha, a assessoria de Covas negou a autoria da indicação.
O governo confirmou a versão: disse que houve um erro e que a emenda será retirada da listagem oficial. Afirmou que os recursos foram liberados a pedido do prefeito.
Covas é um dos pré-candidatos do PSDB, partido do governador Geraldo Alckmin, à Prefeitura de São Paulo.
(SILVIO NAVARRO, DANIELA LIMA, FLÁVIO FERREIRA E DANIEL RONCAGLIA)


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