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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Dilma apresenta programa polêmico, mas depois recua
Versão inicial propunha taxar fortunas e combater "monopólio da mídia"
Repercussão levou o PT,
que divulgou a proposta como oficial, a registrar
nova versão do texto no
TSE no início da noite
Alan Marques/Folhapress
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Registro das candidaturas de Serra e Dilma, apresentadas ontem no TSE
DE BRASÍLIA
O programa de governo de
Dilma Rousseff registrado no
final da manhã de ontem pelo PT propunha taxação de
grandes fortunas, combate
ao "monopólio da mídia" e
realização de audiência prévia para reintegração de terras invadidas por sem-terra.
Após a repercussão das
propostas, principalmente
na internet, o PT recuou, voltou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no início da
noite, retirou o texto e apresentou nova redação sem os
pontos mais polêmicos.
Denominado de "A grande
transformação", o primeiro
programa de governo foi protocolado no fim da manhã no
TSE. Além dos pontos polêmicos, o texto não contemplava as propostas de partidos aliados, como o PMDB.
Oficialmente, o PT afirmou
que cometeu um erro técnico
e entregou à Justiça Eleitoral
um texto desatualizado, datado de 19 de fevereiro.
A Folha apurou, porém,
que uma ala da campanha
optou deliberadamente por
apresentar como programa
de Dilma o texto aprovado no
congresso do partido, em fevereiro, com concessões às
alas mais à esquerda.
Na ocasião, os dirigentes
petistas afirmaram que essas
propostas seriam diluídas na
elaboração final do programa de governo e que era tarefa do partido "puxar para a
esquerda" para depois negociar um programa final, principalmente com o PMDB.
Mas no final da tarde de
ontem a coordenação da
campanha chegou à conclusão de que, por conta de reação de aliados e de propostas
que a própria candidata não
endossou -como a redução
da jornada de trabalho de 44
para 40 horas semanais-, o
texto deveria ser substituído.
RECUO
Antes da decisão, a primeira versão do programa de governo foi divulgada durante
toda a tarde nos sites oficiais
do PT e da campanha, como
a notícia principal.
No início da noite, o secretário de comunicação do partido, André Vargas (PR), ainda sustentava que a decisão
de apresentar o texto foi da
coordenação da campanha.
"Não há problema em ter
pontos polêmicos nele. Nós
somos polêmicos. Isso não é
problema, é qualidade. Agora, é um texto provisório que
vai ser sempre discutido."
O novo documento protocolado no TSE suprimiu o
compromisso com a redução
da jornada, a taxação das
grandes fortunas e as mudanças na política agrária.
O PT manteve na segunda
versão do programa a afirmação de que o texto ainda é
preliminar e receberá contribuição dos nove partidos que
compõem a aliança.
A entrega das propostas de
governo no registro da candidatura é uma nova exigência
da Lei Eleitoral, aprovada pelo Congresso em 2009.
(RANIER BRAGON, MÁRCIO FALCÃO, FELIPE SELIGMAN E VALDO CRUZ)
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