São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Em ritmo frenético, quatro candidatos tentavam explicar tudo em 2 minutos


DILMA E MARINA VACILARAM BEM MAIS VEZES DO QUE SERRA E PLÍNIO, MAS NINGUÉM FOI AO CHÃO


MARCELO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Numa espécie de autoespetáculo, a Band começou com uma orquestra ao vivo, tocando sua vinheta. Mas o conjunto clássico era bem modesto, e o quarteto dos candidatos tratou logo de se adaptar a um ritmo frenético.
Como dizer algo consistente sobre educação, saúde ou segurança em dois minutos? E como apontar qual desses temas é o mais importante? Os candidatos falaram de tudo, ou pelo menos de tudo o que cabia no tempo, quando não se esqueciam do que lhes tinha sido perguntado.
Acredita-se que a atenção do espectador só se fixa por um minuto e meio de cada vez; daí a picotagem do tempo na TV. Mas um autor francês, Christian Morel, lembra que nos "reality shows" passam-se horas sem que nada aconteça. Até que seria uma boa ideia: em vez de debates tensos e artificiais, em que temas se embolam até ninguém entender mais nada, poderíamos internar Dilma, Serra, Marina e Plínio numa mansão, durante uns dias.
A internet transmitiria tudo em tempo real. Cada partido editaria, depois, as cenas como bem quisesse. Seria instrutivo, e os candidatos não são de fazer baixaria.
Serra parecia o único a acertar o passo com a própria respiração, e esperou os momentos certos para atacar. Dilma, nervosa, engasga muito e fala complicado; perdeu tempo demais, levando Plínio a aclarar, ou caricaturar, o que ela tentava dizer.
O candidato do PSOL não correu tanto, até porque sua mensagem era mais sumária e radical. Marina também se ressentiu da falta de prática: enquanto a sintaxe se estendia, voz e corpo davam pulinhos, como querendo saltar acima das pesquisas.
À medida que se polarizava entre Dilma e Serra, o debate entrou num embrulho de siglas e detalhes, com insuficiente discussão política. Parecia uma daquelas lutas de sumô, ao mesmo tempo rapidíssimas e pesadas, feitas de imobilidade e pressa, que só se decidem quando um dos participantes vacila e perde o equilíbrio. Dilma e Marina vacilaram bem mais vezes do que Serra e Plínio; mas ninguém se estatelou espetacularmente no chão.


Texto Anterior: Debate da Folha e do UOL só terá três candidatos
Próximo Texto: Foco: Único franco-atirador, Plínio debocha e provoca risadas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.