|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Petista diz que se esforçou para corrigir problema
DE BRASÍLIA
A candidata Dilma Rousseff (PT) disse ontem que
"sempre achou errada", por
conta de erros na concessão
do benefício, a lei que criou a
chamada tarifa social de
energia elétrica, criada em
2002. Contudo, ela se eximiu
de culpa por não tê-la alterado no período em que esteve
à frente do Ministério de Minas e Energia (2003 a 2005).
Ontem, Dilma minimizou
o fato de ter ignorado os alertas feitos pelo TCU (Tribunal
de Contas da União) naqueles três anos. "O problema
não é estudo [que o tribunal
cobrava para corrigir as distorções]. Qual é a população
de baixa renda nós sabemos,
o problema é cadastro."
A petista disse que "se esforçou" para contornar o problema, mas citou a falta de
um cadastro único para famílias pobres, o que poderia levar à identificação correta
das famílias que de fato mereceriam o benefício.
AVISO DO SUCESSOR
O atual ministro de Minas
e Energia advertiu em 2008
Dilma, então na Casa Civil,
sobre a "necessidade premente" de corrigir a tarifa social de luz.
A falha de cálculo custou
R$ 2 bilhões aos consumidores -metade disso na época
em que a hoje candidata petista à Presidência era a titular de Minas e Energia.
Assinado por Márcio Zimmermann, o ofício de 20 de
junho de 2008 defendia que a
Casa Civil adotasse as recomendações feitas ao longo de
cinco anos pelo TCU a respeito da conta de energia.
Essas advertências do
TCU, como revelou ontem a
Folha, foram completamente ignoradas pelo Ministério
de Minas e Energia no período em que foi chefiado por
Dilma (2003-2005). A pasta
só se mexeu quando o ministro já era Silas Rondeau -e
sete meses depois de Dilma
ter saído para a Casa Civil.
A tarifa social é um desconto na conta de luz para
famílias consideradas pobres -e foi criada por lei pelo
governo Fernardo Henrique
Cardoso.
Em abril de 2003, o TCU
descobriu uma falha no cálculo. Como o programa era
baseado na quantidade de
energia consumida, muitos
pobres estavam subsidiando
os ricos -casas de veraneio
na praia, por exemplo, recebiam o benefício.
O ofício de Zimmermann,
que integra o processo do
TCU, revela que o ministério
tinha pleno conhecimento
do atraso na solução do problema e do impacto econômico da manutenção dos critérios -"além da sua importância enquanto questão de
interesse setorial e de repercussão de caráter social".
O ministro cobrava apoio
da Casa Civil a projeto formulado por Minas e Energia
em 2008 e enviado ao Congresso. O texto virou lei em
janeiro deste ano.
O presidente nacional do
PT, José Eduardo Dutra, postou ontem mensagem no
Twitter no qual reconheceu a
existência do erro, mas atribuiu-o ao governo anterior.
"O erro foi no governo
FHC, corrigido no governo
Lula e a culpa é da Dilma.
Tudo bem, o importante é a
manchete aparecer no programa do Serra", escreveu o
petista, sem entrar no mérito
dos alertas do TCU ignorados
pela hoje candidata.
(RUBENS VALENTE)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Sucessor alertou petista sobre tarifa de luz Índice
|