|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Proposta apresentada por Temer cria ameaça para presidenciáveis
Projeto torna crime descumprimento de promessa de campanha
ELVIRA LOBATO
DO RIO
O companheiro de chapa
de Dilma Rousseff, deputado
federal Michel Temer (PMDB-SP), candidato a vice-presidente, é autor de um projeto
de emenda constitucional
que torna crime de responsabilidade do presidente da República o descumprimento
de promessas feitas na campanha eleitoral.
A PEC (Proposta de Emenda à Constituição, nº 303) está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara
dos Deputados à espera de
votação. Por meio de sua assessoria, Temer disse que
continua defendendo a aprovação da proposta apresentada em 2004. Admitiu que
ela cria uma saia justa para
Dilma, mas afirmou que todas as propostas apresentadas por ela serão cumpridas.
Na campanha, Dilma
Rousseff já prometeu que,
em quatro anos, vai quadruplicar o número de mestres e
doutores do país, construir
2 milhões de casas, 10 mil ginásios esportivos em escolas
públicas e 6 mil creches e investir R$ 11 bilhões no combate às enchentes, entre outras promessas.
Para o ex-presidente nacional da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil), Cezar
Britto, se a PEC for aprovada,
o presidente poderia perder o
mandato e os direitos políticos, por cinco anos.
""O candidato tem de se
responsabilizar pelas promessas que faz, sob pena de
criar-se a figura do estelionato eleitoral, que é considerado crime de lesa-democracia", diz Britto. Mas para ele,
seria preciso definir em lei
que tipo de proposta justificaria a perda do mandato.
PROPAGANDA ENGANOSA
A PEC sugere alteração
nos artigos 28, 29-A e 85 da
Constituição, para incluir o
descumprimento ""de compromissos programáticos assumidos na campanha eleitoral" entre os crimes de responsabilidade do presidente
da República, dos governadores e dos prefeitos.
Ao justificar a proposição,
Temer disse que o descumprimento das promessas de
campanha caracteriza ""propaganda enganosa", que induz o eleitor a erro.
A PEC está há seis anos na
CCJ. Três deputados já relataram a matéria, mas nenhum
dos relatórios foi apreciado
pela comissão. O primeiro relator, o ex-deputado Luiz
Carlos Santos (DEM-SP), se
manifestou pela aceitação da
PEC, em 2006. O segundo,
Silvinho Peccioli (DEM-SP),
foi na mesma direção.
Já o terceiro, Régis Oliveira
(PSC-SP), opinou pela rejeição da emenda, em abril de
2009. Segundo ele, a PEC cria
""incertezas e temor" nos aspirantes a cargos públicos, e
a configuração do crime de
responsabilidade pela prática do ""estelionato eleitoral"
seria subjetiva e vaga.
Segundo a CCJ da Câmara,
se a PEC não for votada neste
ano, terá de ser designado
um quarto relator.
Texto Anterior: Sucessor alertou petista sobre tarifa de luz Próximo Texto: Vladimir Safatle: Por mais impostos Índice
|