São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011

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Detalhista na gestão, Dilma é criticada por atrasar programas

Para alguns ministros, exigências paralisam governo; outros atribuem reclamações à falta de hábito a cobranças

Dilma criou ritual de 'espancamento' de projetos, em que faz questionamentos para ver se ideia fica de pé

NATUZA NERY

DE BRASÍLIA

Ministros do governo têm reclamado de um estilo "centralizador" de Dilma Rousseff e atribuem à presidente o atraso em decisões importantes neste final do primeiro ano de mandato.
Na lista de projetos acumulados, há uma série de ações consideradas cruciais ao crescimento econômico.
As queixas vão desde lançamentos frequentemente postergados a planos já prontos que voltam às pastas de origem para reformulações.
No governo de uma presidente notabilizada por ser uma "gerente", interlocutores afirmam que a obsessão em descer "ao detalhe do detalhe" acaba por lotar as gavetas de sua escrivaninha.
Dilma costuma dizer que uma política pública só pode sair do forno se tiver condições de "parar de pé".
E ela mesma criou um ritual para se certificar disso: as "sessões de espancamento".
A tática consiste em tentar "desconstruir" o programa para ver se ele passa no teste de qualidade. A iniciativa que não sobreviver à "surra" volta ao escaninho para reparos.
Um ministro relata, surpreso, uma reunião sobre a Lei Geral da Copa em que a presidente permaneceu no encontro por quatro horas, "apitando o jogo inteiro". Seu antecessor, Lula, só aparecia para decidir a partida.
Se para alguns Dilma ainda age como gerente do governo, para outros as críticas não passam de uma tentativa de transferir a ela a responsabilidade exclusiva pela aparente lentidão. Mais: dizem que os que reclamam só o fazem porque não estão acostumados a cobranças.
Defensores da presidente lembram que ela lançou ao menos dois projetos de peso em seu mandato: o Brasil sem Miséria, carro-chefe da área social; e o Brasil Maior, com incentivos à indústria.

PENDÊNCIAS
Há mais de uma dezena de iniciativas aguardadas para este ano ainda sem definição.
Parte das pendências atinge o setor de infraestrutura, crucial para garantir crescimento na atual fase de desaceleração econômica.
O ambiente indefinido de negócios faz com que setores cruciais sigam à espera de veredicto: energia, petróleo e aviação civil.
No caso do primeiro, o Executivo ainda não decidiu se fará novas licitações ou renovará as concessões de energia que começam a vencer em 2015. Já há empresas reavaliando investimentos.
Na área de petróleo, os leilões do pré-sal estão suspensos até que as regras sejam definidas pelo Congresso.
Aliados da presidente dizem que Dilma não aproveitou os primeiros meses do ano para puxar para a pauta os assuntos mais espinhosos no Legislativo.


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