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Ministro foi de brigada que lutou no Araguaia
José Elito foi repreendido por Dilma após comentário sobre desaparecidos
General à frente do GSI não nega nem confirma a informação de que era da mesma brigada que atuou contra o PC do B
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
O general de Exército José
Elito Carvalho Siqueira, 64,
novo ministro-chefe do GSI
(Gabinete de Segurança Institucional), graduou-se na
mesma época e na mesma
brigada de paraquedistas
que combateu a Guerrilha do
Araguaia (1972-1975).
Nomeado para o primeiro
escalão de um governo que
se diz disposto a construir
narrativa oficial sobre as
mortes e desaparecimentos
na ditadura, Elito assumiu o
cargo na segunda-feira se posicionando contra a criação
da Comissão da Verdade e dizendo que os desaparecidos
são um "fato histórico" do
qual "nós não temos que nos
envergonhar ou vangloriar".
A declaração deu origem a
um pedido de explicações da
presidente e ex-guerrilheira
Dilma Rousseff e criou mal-estar no governo. Dilma aceitou a alegação de que ele teria sido mal interpretado.
Procurado pela Folha, Elito não esclareceu se atuou ou
não no combate à guerrilha.
O currículo de Elito divulgado pelo GSI omite a data da
passagem do oficial pela brigada que combateu no Araguaia. Diz apenas que, após
se tornar oficial, em 1969, foi
"classificado no Regimento
Escola de Infantaria, sediado
no Rio" e cita os cursos "básico de paraquedista, ações de
comandos, mestre de salto,
forças especiais e salto livre",
sem precisar onde ele atuou.
Livros sobre a Guerrilha do
Araguaia descrevem que até
330 paraquedistas da unidade, contemporâneos de Elito,
atuaram no conflito, que resultou na morte de 59 guerrilheiros do PC do B, de 16 soldados do Exército e de dez
moradores da região, segundo o jornalista Elio Gaspari.
Elito entrou no Exército
aos 17 anos, como cadete, 15
dias após o golpe de 1964.
A Folha apurou que Elito
atuou na Brigada de Infantaria Paraquedista da Vila Militar do Rio entre 1970 e 1973,
quando virou instrutor da
Academia Militar das Agulhas Negras. A informação foi
confirmada por três oficiais:
um general da ativa (que pediu anonimato), um general
e um coronel da reserva.
Ao mesmo tempo, Elito
graduou-se no curso de Forças Especiais, tropa de elite
do Exército treinada em técnicas de contraterrorismo e
ações contra guerrilha. O período de Elito nos paraquedistas coincide com boa parte da participação da brigada
no Araguaia -de 1971 a 1975.
Um colega de turma de Elito confirmou que o general
atuou com os paraquedistas
ao tempo em que houve o
combate à guerrilha, mas
disse que ele não integrou as
equipes levadas ao Araguaia.
O coronel da reserva Lício
Augusto Ribeiro Maciel, que
combateu por mais de um
ano no Araguaia, elogia Elito, mas acredita que o general não lutou no Araguaia.
"Todo mundo o coloca como trabalhador, honesto, ético. Acho que não vai se dar
bem nesse governo, não vai
se submeter a um governo de
uma guerrilheira. É um desperdício", declarou Maciel.
O oficial da reserva Sebastião Rodrigues de Moura, o
"major Curió", disse não se
recordar do nome de Elito,
mas observou que havia uma
separação de comandos entre o Serviço Nacional de Informações, no qual ele estava
lotado, e os paraquedistas.
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