São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011

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Aécio critica governo, com Serra na plateia

"O Brasil cor-de-rosa não se confirma na realidade", afirma ex-governador em discurso no plenário do Senado

Ida de ex-governador de SP foi encarada como uma tentativa de impedir monopólio do ex-governador de MG


Alan Marques/Folhapress
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), durante seu discurso de estreia no plenário do Senado

CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

Potencial candidato do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG) provocou ontem a reação da base governista -especialmente do PT- ao afirmar que, em seus primeiros meses, a administração Dilma Rousseff repete "falhas e equívocos" do governo Lula.
"Não há ruptura entre o velho e o novo, mas o continuísmo das graves contradições dos últimos anos. O Brasil cor-de-rosa vendido competentemente pela propaganda política -apoiada por farta e difusa propaganda oficial- não se confirma na realidade", disse, no que foi considerado seu "discurso de entrada" no Senado.
Aécio disse que esse é "início do nono ano de um mesmo governo", e que, apesar "do nítido e louvável esforço da nova presidente em impor personalidade própria, tem prevalecido a lógica dominante em todo esse período e suas heranças".
Iniciado pouco antes das 16h, o debate causado pelo discurso invadiu a noite. O ex-governador de Minas fomentou a ira petista ao apontar "manutenção dos fundamentos da política econômica implantada pelos governos anteriores como maior mérito da administração petista" e acusar o PT de sobrepor seus interesses aos do país. "Sempre que precisou escolher entre os interesses do Brasil e a conveniência do partido, o PT escolheu o PT".
Após listar momentos históricos, como a eleição de Tancredo Neves e a criação do Plano Real, Aécio afirmou ter apoiado o país em cada um deles. "Nossos adversários, não", pontuou.
Aécio apropriou-se de um bordão do ex-presidente Lula -"nunca antes na história"- para acusar o governo de aparelhamento político.
"Não é interesse do país que o poder federal patrocine o grave aparelhamento e o inchaço do Estado, como nunca antes se viu."
Ele se valeu do Manifesto em Defesa da Democracia, lançado na eleição passada, para afirmar que "é intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político".
Em resposta, petistas, como a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), acusaram o PSDB de renegar o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sentado à frente da senadora, o ex-governador José Serra fez careta quando Gleise disse que, nas campanhas, ele se afastou do governo FHC.
Petistas também ironizaram o fato de Aécio atribuir a Itamar Franco, não ao PSDB, a paternidade do Plano Real.
Disputando com Aécio o comando do PSDB, Serra surpreendeu o senador ao chegar a Brasília na véspera de seu discurso. A presença de Serra foi encarada como tentativa de impedir que Aécio monopolizasse a cena.
"Foi uma agradável surpresa", disse Aécio.


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