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Punição a tortura na ditadura divide opiniões no país
Datafolha mostra leve maioria para grupo que é contra
julgar crimes, tese que prevaleceu em decisão do STF
45% são contra punir
torturadores, e 40% se dizem favoráveis; em abril, tribunal rejeitou
revisão da Lei da Anistia
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Vinte e cinco anos após o
fim da ditadura militar (1964-1985), os brasileiros se dividem sobre o perdão aos
agentes do regime que torturaram presos políticos.
Pesquisa feita pelo Datafolha revela que 40% defendem a punição, enquanto
45% se declaram contrários.
Outros 4% são indiferentes, e
11% não sabem opinar.
"Há uma diferença pequena, mas o resultado aponta
mais para equilíbrio do que
para apoio a um dos lados",
afirma Mauro Paulino, diretor-geral do instituto.
Em 29 de abril, o STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitou, por 7 votos a 2, ação da
OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) que pedia a revisão
da Lei da Anistia, de 1979, para permitir a punição de crimes de agentes públicos.
O Datafolha também ouviu os brasileiros sobre o tratamento a pessoas que praticaram atos terroristas contra
o governo no período.
Neste caso, o apoio ao perdão é maior: 49% se dizem
contra qualquer tipo de punição, e 37%, a favor. Outros
3% são indiferentes, e 11%
não sabem opinar.
O levantamento revela
equilíbrio também entre os
que pretendem votar em Dilma Rousseff (PT) e os partidários de José Serra (PSDB).
Dos eleitores da petista,
48% se declaram contra a
punição aos torturadores, e
41%, a favor. No eleitorado
tucano, o resultado é quase
idêntico: 47% a 40%.
Para Mauro Paulino, isso
indica que a opinião sobre o
assunto não deve influenciar
a corrida presidencial. "Não
me parece que isso será um
tema da campanha", avalia.
Dilma foi presa e torturada
na ditadura. Serra, que presidia a UNE, também foi perseguido e se exilou no exterior
depois do golpe de 1964.
O levantamento foi feito
em 20 e 21 de maio, com 2.660
eleitores e margem de erro de
dois pontos percentuais para
mais ou para menos.
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