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Conselho pode afastar procurador do DF
Órgão nacional do Ministério Público decide hoje destino de Leonardo Bandarra, acusado no mensalão do DEM
Segundo denúncia de delator do escândalo de Brasília, Arruda pagava
propina ao procurador,
que nega as acusações
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO
O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) decide hoje se afasta do cargo,
por conta de acusação de envolvimento no escândalo conhecido como mensalão do
DEM, o procurador-geral do
Ministério Público do DF,
Leonardo Bandarra.
Ele é acusado de ter recebido propina para fazer vista
grossa a contratos fraudulentos e beneficiar políticos em
investigações.
A Folha teve acesso a depoimentos sigilosos prestados ao Ministério Público Federal e a processos que fundamentam as denúncias
contra Bandarra.
Segundo Durval Barbosa,
delator do esquema, o ex-governador José Roberto Arruda, acusado de chefiar o pagamento de propina a integrantes da base aliada, costumava dizer que pagava a
Bandarra. Barbosa contou
que, durante uma reunião,
Arruda disse: "Pois não duvide. Quem paga sou eu. E
quando atrasa, ele cobra de
mim pessoalmente".
Documento das investigações mostra que, em novembro de 2007, já na gestão de
Arruda, promotores do Ministério Público do DF e o governo do DF apresentaram à
Justiça argumentos pela
prorrogação de contratos firmados sem licitação para a
coleta de lixo na capital.
Afirmavam que os serviços
não poderiam ser suspensos.
Um ano antes, em novembro de 2006, pouco antes de
Arruda assumir o governo, os
mesmos promotores se posicionaram contra a prorrogação dos tais contratos.
Essa mudança de opinião
é tratada por Durval em um
de seus depoimentos: "Nunca vi um promotor defender
dispensa de licitação".
Também está nas mãos do
colegiado que julgará Bandarra um pedido, feito por
ele em janeiro, de transferência da Promotoria de Justiça
Criminal, onde era lotado,
para a Promotoria de Defesa
do Patrimônio Público, que
cuida de contratos de lixo.
Ao Ministério Público Durval disse ainda que, em 2008,
pagou R$ 1,6 milhão a uma
promotora, que teria recebido o dinheiro em nome de
Bandarra, para ter acesso a
dados de investigação da
qual era alvo.
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