São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2010

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Conselho pode afastar procurador do DF

Órgão nacional do Ministério Público decide hoje destino de Leonardo Bandarra, acusado no mensalão do DEM

Segundo denúncia de delator do escândalo de Brasília, Arruda pagava propina ao procurador, que nega as acusações

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO

O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) decide hoje se afasta do cargo, por conta de acusação de envolvimento no escândalo conhecido como mensalão do DEM, o procurador-geral do Ministério Público do DF, Leonardo Bandarra.
Ele é acusado de ter recebido propina para fazer vista grossa a contratos fraudulentos e beneficiar políticos em investigações.
A Folha teve acesso a depoimentos sigilosos prestados ao Ministério Público Federal e a processos que fundamentam as denúncias contra Bandarra.
Segundo Durval Barbosa, delator do esquema, o ex-governador José Roberto Arruda, acusado de chefiar o pagamento de propina a integrantes da base aliada, costumava dizer que pagava a Bandarra. Barbosa contou que, durante uma reunião, Arruda disse: "Pois não duvide. Quem paga sou eu. E quando atrasa, ele cobra de mim pessoalmente".
Documento das investigações mostra que, em novembro de 2007, já na gestão de Arruda, promotores do Ministério Público do DF e o governo do DF apresentaram à Justiça argumentos pela prorrogação de contratos firmados sem licitação para a coleta de lixo na capital.
Afirmavam que os serviços não poderiam ser suspensos.
Um ano antes, em novembro de 2006, pouco antes de Arruda assumir o governo, os mesmos promotores se posicionaram contra a prorrogação dos tais contratos.
Essa mudança de opinião é tratada por Durval em um de seus depoimentos: "Nunca vi um promotor defender dispensa de licitação".
Também está nas mãos do colegiado que julgará Bandarra um pedido, feito por ele em janeiro, de transferência da Promotoria de Justiça Criminal, onde era lotado, para a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, que cuida de contratos de lixo.
Ao Ministério Público Durval disse ainda que, em 2008, pagou R$ 1,6 milhão a uma promotora, que teria recebido o dinheiro em nome de Bandarra, para ter acesso a dados de investigação da qual era alvo.


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